“Numa doca tranquila, floresceu uma amizade improvável entre um pelicano e um cão vadio. Dia após dia, o cachorro visitava, e o pelicano estaria lá esperando — duas criaturas de mundos diferentes, encontrando conforto na companhia um do outro.

Um homem que notou este vínculo terno não ficou somente a ver — ele agiu. Ele adotou o cão vadio, deu-lhe um lar, e certificou-se de que ambos ainda pudessem encontrar-se na doca todos os dias. O que começou à medida que os encontros casuais cresceram para um ritual diário de confiança e afeto.

É uma pequena história com uma grande lição: a bondade nem sempre ruge — pode ser tão simples como deixar dois amigos encontrarem-se onde eles se sentem mais em paz”.

O texto acima achei na internet, não tinha fonte, portanto não sei se é verdadeiro ou apena uma história inventada. Mas é lindo, fala sobre abandono, apoio e amizade entre os diferentes.

Um tema importante para falar do CAMINHOS DA VIDA, em recuperação do comportamento é exatamente isso que acontece, seres completamente diferentes e desconhecidos uns dos outros se unem em apoio e nasce uma grande amizade. Já se passaram 20 anos de minha caminhada de recuperação e mantenho meus vínculos com pessoas e a Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer. É sempre importante não esquecer o passado, para os resultados do presente se manterem no propósito a ser alcançado.

Foto do ano de 2005, em São João do Deserto, Lomba Grande.

O vale encantado da Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer.

Mas o assunto é mais um texto do livro que deve ser lançado ainda este ano, vamos a ele:

Só o AMOR constrói!

Quando entrei na Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer, em 2005, mesmo caído e, no fundo do poço, me sentia com o “rei na barriga” e só enxergava o meu umbigo. Confesso que aprendi a lidar com isso, porém, muito pouco mudei passados 13 anos de minha caminhada de recuperação do comportamento.

Tenho que exercitar mais isso em minha fase de busca da sobriedade tenho passado por desafios, pois é muito difícil para eu lidar com o novo. Como sempre fui um julgador por natureza, procuro defeitos nos outros, já que me considero o senhor perfeitinho e do passo certo.

É isso que tenho constatado nos últimos dias, mas preciso urgentemente praticar a “alteridade”, procurar as virtudes e qualidades no outro. É difícil este exercício, pois sou um individualista por natureza. Mas tenho me esforçado para dividir minha vida com as pessoas e aprender a conviver melhor em sociedade.

Como sou cheio de defeitos, e um “marrento” por natureza, a mudança é como se fosse uma cirurgia e isso dói. Com medo, recuo ou me defendo atacando. Mas não é assim que deve ser. Já avancei muito, hoje não brigo e não levanto a voz para as pessoas, paro e ouço, olho e analiso, penso antes de agir e, por fim, espero o momento certo de falar.

Praticar o silêncio e ouvir mais é uma atitude de compreensão, não devo atacar jamais. Se Deus me eu uma boca e dois ouvidos não foi por acaso, com isso Ele quis me mostrar que sempre devo mais ouvir do que falar.

Tenho aprendido com o tempo a ser uma pessoa melhor, mas ainda tenho meus receios e minhas manias individuais. Tenho que aprender a dividir para somar. Devo que saber que só o amor constrói.

Com amor em meu coração reconquisto o direito de viver melhor, para mim e para meu semelhante. É preciso caminhar neste sentido e aí a vida vai encontrar um meio de acertar as coisas. Tenho notado que a “felicidade” é feita de momentos, e dentre esses momentos existem as “crises”. Isso é inerente ao ser humano e suas relações. O que devemos tirar disso é que se a crise for bem administrada ela certamente vai gerar crescimento e principalmente o amadurecimento das relações.

Na certeza de dias melhores e uma boa caminhada de recuperação, vou superar o hoje. E se amanhã surgirem dificuldades terei a certeza que fiz o melhor de mim pelo outro, pois tenho muito amor em meu coração e a certeza de que “Só o AMOR constrói!”

Negão: das amizades inusitadas, o Leão da Montanha, um conselheiro silencioso

IMPORTANTE

Este é um dos muitos textos sobre recuperação da dependência química e do álcool que escrevi durante os 20 anos de minha caminhada rumo a sonhada sobriedade. Não sei se alcançarei, sobriedade é muito mais que parar com o uso do álcool e das drogas, mas estou no caminho certo. O projeto é um livro, ele vai sair, se possível, lançado na Feira do Livro de Canoas ainda este ano.

Por enquanto, todos os domingos irei colocar um dos textos em nosso site, se ajudar alguém que estiver procurando ajuda, já estarei gratificado.

BOM DOMINGO PARA TODOS!