O Grupo TIA, de Canoas, irá percorrer cerca de nove mil quilômetros, passando por 18 cidades do Rio Grande do Sul com menos de vinte mil habitantes, para apresentar o espetáculo “As Gineteadas do Valente Toninho Corre Mundo na Estância de Cidão Dornelles”. A ação foi contemplada no Edital SEDAC 29/2024 – PNAB/RS Culturas Populares, através dos recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura. Todas apresentações são gratuitas e contarão com intérprete em libras e monitor de acessibilidade. A peça tem duração de 50 minutos e classificação livre.

A primeira parte do trajeto inicia no dia 24 de outubro em São Valentim do Sul, já em novembro o grupo retorna no dia 5 de novembro e vai até Arroio do Tigre, e depois segue no dia 7 em Sobradinho, 11 em Coronel Barros, 15 em Arroio do Sal, 19 em Boa Vista do Incra, 21 em Maquiné e 29 em Barra do Ribeiro. A segunda parte do trajeto será realizada entre março e abril de 2026 e passará pelas cidades de Monte Belo do Sul, Pedro Osório, Morro Redondo, Mariana Pimentel, Estrela Velha, Santa Margarida do Sul, Vila Nova Sul, Salto do Jacuí, Campos Borges e Jacuizinho.

Desenvolvido para comunidades rurais com menos de 20.000 habitantes, Mamulengo Gaúcho nas Zonas Rurais é um projeto cultural e formativo que valoriza a identidade e tradição gaúcha e a salvaguarda do mamulengo. Cada cidade recebe os três eixos do projeto: apresentação do espetáculo “As Gineteadas do Valente Toninho Corre Mundo na Estância de Cidão Dornelles“; bate-papo “Mamulengo Como Via de Reflexão Social“; e uma oficina de construção e manipulação “A Mão do Mamulengo“. Todo o circuito será registrado em vídeo e no final será apresentado um documentário dirigido pelos cineastas Sofia Militão e Wender Zanon.

O Mamulengo é uma forma popular e tradicional do teatro de bonecos no Brasil. Uma expressão de cultura popular onde os personagens representam pessoas do campo e do interior. Retrata situações cotidianas do povo que a prática (geralmente, cômicas e satíricas). Nasceu nos interiores do Nordeste e, de lá, migrou para grandes centros e outras regiões. Em 2015, foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo batizado de forma unificada como Teatro de Bonecos Popular do Nordeste.

Sinopse do espetáculo

Na história são relatadas as aventuras e peripécias do aventureiro gaudério Toninho Corre Mundo, que certo dia inventou de se espraiar para o sul do Sul e se aprumar num emprego de ginete domador de cavalo xucro, lá na Estância do poderoso Cidão Dornelles. Mas os fatos despencam para outras aventuras, nessa bela saga tem a assombração do índio fantasma das Missões (Mbororé), a cobra grande dos olhos de fogo (Mboitatá), um diabo irritado que é mestre de capoeira, muito suspense, romance e humor regado com o bom e velho chimarrão gaúcho.

Pesquisa

Valorizando a arte do teatro de bonecos (mamulengo) de forma original e artesanal, o espetáculo busca fortalecer a identidade e a salvaguarda do boneco popular do Brasil, inovando na linguagem com a fusão da cultura nordestina com a cultura gaúcha. 

Em 2010 o grupo participou de um circuito de dois meses pelo nordeste brasileiro, onde teve o privilégio de fazer contato direto com alguns mestres mamulengueiros, em especial, com Gilberto Calungueiro, apaixonando-se por esta arte popular e brasileira. Logo foi iniciada uma pesquisa no teatro de mamulengo, dentro da linguagem e identidade gaúcha do grupo, o que originou, em 2013, a montagem do espetáculo por meio do Prêmio Empreendedor Cultural – 1ª Edição/AES Sul.

Para a construção dos mamulengos, foi feita a pesquisa e a utilização de diversos tipos de madeiras das mais variadas regiões brasileiras, como mulungu, ingá, pinus, cedro, canela, entre outras, além do cenário que foi todo construído artesanalmente em bambu. Nos figurinos dos bonecos e dos atores, foi utilizada a proposta de miscigenar as vestimentas tradicionais gaúchas com as chitas do folclore nordestino. Na dramaturgia inédita para teatro de mamulengos, escrita por Márcio Silveira, o grupo teve o cuidado de manter a tradição, mas com a inspiração nas lendas e causos do Sul e nas obras do escritor Simões Lopes Neto. A trilha sonora é executada ao vivo e tem como referência a musicalidade gaúcha tradicionalista e missioneira. A ficha técnica contou com a participação dos Mestres Danilo Cavalcante/PE e Cleydson Catarina/CE.

Oficina

A atividade realiza uma abordagem sobre o mundo do Mamulengo, e sua prática, utilizando-se de jogos teatrais, preparação corporal e vocal, métodos e técnicas de manipulação de bonecos, todos selecionados e experimentados pelo Grupo TIA no processo do espetáculo “As Gineteadas do Valente Toninho Corre Mundo na Estância de Cidão Dornelles” com a finalidade de contribuir para que os participantes possam experienciar e construir um boneco a partir de materiais recicláveis e manusear em cena a brincadeira com o Mamulengo.
Histórico do grupo

O grupo TIA (Teatro Ideia Ação) desenvolve um trabalho continuado há 20 anos. Tem como proposta um teatro popular e de intervenção social. Uma de suas características mais marcantes é a viabilidade para a itinerância; todos seus espetáculos são concebidos e pensados, tanto na questão estética, quanto material, para atingir seu objetivo maior: circular, ir ao encontro do público onde quer que ele esteja, seja nas grandes metrópoles, nos teatros, nas praças, nas favelas, no sertão. Levar a sua arte onde público e artista, numa comunhão, virem um só.

O TIA efetua uma linha de pesquisa com o teatro popular e o teatro de rua, desenvolvendo trabalhos na periferia e com o teatro comunitário. Trabalha com diversas linguagens, como teatro de mamulengo, teatro infantil, palhaçaria e cenopoesia. No decorrer de sua trajetória, o TIA já ganhou mais de 20 prêmios e se apresentou em diversas localidades do Brasil e no exterior, atingindo um público superior a 500 mil pessoas. Entre as distinções recebidas estão o Prêmio de Patrimônio Imaterial “Personagens do Centro de Porto Alegre”, idealizado pelo Instituto Hominus em parceria com a UNESCO, IPHAN e Ministério da Cultura (2009), e Prêmio Trajetória Cultural Mestra Sirley Amaro – Instituto Trocando Ideia e SEDAC/RS (2021). Atualmente, desenvolve seus estudos e trabalhos nas periferias de Canoas, realiza e produz o FESTIA – Festival de Teatro Popular em Canoas.

Para conhecer mais sobre o grupo:

Site: https://grupotia.wordpress.com/
Instagram: https://www.instagram.com/tiateatro/
Facebook: https://www.facebook.com/tia.teatro
Youtube: https://youtube.com/channel/UCy4EyM4LmG5x6xVSzvfCK6g