Assistimos uma novela venezuelana em horário nobre

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Cá estava eu escrevendo as primeiras frases “deste” artigo. Não sem antes analisar qual o melhor tema para uma estreia. Seria falar de Canoas? Seria um belo começo. Poderia ser sobre doutrina e linhas de pensamento que me norteiam? Sim, poderia, mas não foi. Não falar sobre a cassação de Deltan Dallagnol – e de tudo que vem na esteira dessa decisão – seria um erro crasso e um desrespeito com os leitores que pensam e com o Brasil que padece.

Há anos estamos alertando para o perigo que nos esperava logo ali na frente. Em doses homeopáticas, foram esticando a corda e avançando terreno. E é justamente assim que a liberdade nos é tomada: a conta-gotas.

A politização da justiça (com j bem minúsculo) brasileira fere de morte princípios básicos da nossa Constituição, se é que ainda a temos. Chicanas, revanchismos, abusos de poder, interferência em outros poderes, interpretações ideológicas, ensaiadas e com objetivos nada republicanos, sobrepujam a insegurança jurídica. Um país que não acredita em suas instituições, é uma nação insegura sobre o seu futuro e sua liberdade.

E a cassação de Deltan, infelizmente, é “apenas” mais um triste capítulo desta novela venezuelana que estamos assistindo atônitos, em horário nobre. Os atores dançam e sapateiam sobre os nossos direitos. Os produtores e diretores esbanjam criatividade para nos deixarem presos ao enredo. E os telespectadores, que tinham o controle na mão, perderam a pilha e não tiram a bunda do sofá para trocar de canal.

E para os que aplaudem, gargalham e ajudam a escrever esse roteiro, saibam que logo ali os antagonistas do sistema serão vocês.

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