Não podemos viver de situações repetidas ano após ano. Assim como as crianças, precisamos amadurecer a proposta de aprendizado interativo. Aprendemos com eles e vice-versa. É nessa lógica que estabelecemos uma regra de convívio social tão aclamada por tantos: cidadania.
Quem não consegue aprender com uma criança está longe de pensar num futuro de progresso. É deles o mundo. Se por caso este mundo não nos pertence, por que criar a teoria de que eles não alcançaram mais do que têm agora? Um pensamento retrógrado e cheio de preconceitos, típico do mundo adulto.
Nessa pátria brasilis, quem levou as nossas crianças a este universo de marginalidade, onde muitas delas são protagonistas, e lhes tirou o prazer de alçar voos na busca de algo, melhor foram os adultos e nas péssimas escolhas que fizeram num passado não muito distante.
Se os adultos consideraram nossas crianças como meros objetos eleitoreiros, cabe a eles mesmos alterarem a ordem dos fatores. Nossas crianças, com uma formação digna e uma família voltada a assumir o seu crescimento saudável e positivo aí, sim, teremos um motivo para promover uma política responsável. O que vier fora disso é mau-caratismo mesmo.
Nossas crianças, para quem ainda não sabe, ou não faz questão, são o futuro dum país. O que um adulto pretende dele é a maior angústia que uma criança pode viver. Não podemos crer que o objetivo de uma família seja angariar fundos federais com a existência deles. Quando o limite da idade deixar de ser motivo para isso, o que fará a família? O que fará o governo sem a presença de mais um para alcançar índices que lhe permitem dinheiro nos cofres? O que fará o professor nesse meio? O que uma criança formará como princípio da sua existência útil? Até aos 14, 15? Quem lucra com todo esse desdém é a marginalidade, que terá mão de obra sobrando num futuro não muito distante.
A falta de expectativa de vida útil derrota os pais, desestimula a escola, termina com a única forma de termos um futuro.
Observe bem as últimas eleições e verifique a pobreza de propostas e de lideranças. Começamos a arcar com a péssima formação das nossas crianças em todos os meios, principalmente na sua escola, local onde deveriam devolver todas as suas aptidões.
Precisamos rever tudo que se tem feito pelas crianças nos últimos dez anos e cada setor público fazer um mea culpa pela negligência com a parte mais importante da sociedade, as suas crianças.
Nas escolas, especificamente, adormecemos em berço esplêndido, como se não dependêssemos da formação dos nossos alunos no futuro.
Reclama-se tanto do povo brasileiro, que vota mal, que não sabe escolher, que vive subjugado a um sistema político que despreza os mais citados, mas onde começou a formação deste povo? Em casa? Conversa fiada. Foi na escola, local onde a importância do voto começa na escolha de um líder de turma, onde insistimos na teoria de que temos que excluir alguns alunos, ao apresentarem problemas disciplinares e não podem concorrer. A escola conseguiu uma lei de ficha limpa muito anterior a que existe agora. Se um líder é mal escolhido, cabe aos seus votantes, a sua destituição, devidamente comprovada por fatos e não por história.
É na escola que elegemos o primeiro líder carismático, o professor regente e o primeiro governo da vida de todos os alunos: a Direção.
Se começar errado na escola, não espere muito do futuro, continuará errado.
Apesar de tudo, nossas crianças ainda são tudo o que temos, tudo que teremos e tudo pelo que fazemos. Acreditar nelas é mais que nossa obrigação, é tarefa. Fazê-las diferente dos modelos que estão por aí é a esperança de termos um futuro melhor e principalmente, mais humano.