*Por Pinheiro Neto

Fui convidado para participar do Grande Expediente na Câmara de Vereadores de Canoas, dedicado à apresentação do Colegiado da Cultura Gospel. Essa iniciativa nasceu ainda durante o período em que exerci a função de Secretário de Cultura e Turismo de Canoas, e representa um marco histórico de inclusão e representatividade da Cultura Cristã na formulação das políticas culturais do município.

Durante o evento, tive a oportunidade de apresentar as motivações e fundamentos que me levaram a propor a criação desse colegiado, reafirmando a importância da Cultura Gospel como expressão legítima da fé cristã e da identidade cultural do nosso povo, além de seu impacto social e econômico.

É importante compreender o que é cultura. Cultura é o conjunto de manifestações, saberes, crenças, valores, costumes, comportamentos, tradições e expressões artísticas que formam a identidade de um povo. Portanto, a fé cristã, presente nas práticas, músicas, celebrações e valores que moldam nossa sociedade, é também uma expressão cultural. Nesse contexto, o termo “gospel”, que significa “evangelho” ou “boas novas”, representa a arte e a comunicação da fé cristã por meio da música, da literatura, do teatro e dos eventos.

Por isso, é importante afirmar: Cultura Gospel é Cultura Cristã.
Ela é a fé cristã reconhecida como expressão cultural, seja católica, evangélica ou de qualquer outra denominação. É a fé cristã reconhecida como manifestação cultural. E quando observamos o impacto econômico dessa expressão, percebemos sua grandiosidade: a música gospel representa cerca de 20% do mercado fonográfico nacional, movimentando bilhões de reais por ano. E isso sem contar a literatura, o teatro e os eventos cristãos, que geram empregos, renda e desenvolvimento para milhares de famílias em todo o país.

O Brasil tem mais de 80% da população que se declara cristã, no Rio Grande do Sul, esse número chega a cerca de 75%, e em Canoas, a representatividade cristã é igualmente expressiva. Isso mostra que a Cultura Cristã é parte fundamental da nossa identidade nacional.

Os lugares que fomentam eventos de Natal e Páscoa estão pautados na história, na cultura e na fé cristã como manifestação cultural. Portanto, ignorar a importância e o impacto social da cultura cristã em nossa sociedade seria um ato de exclusão de uma cultura que possui tamanha representatividade.

É fundamental também esclarecer o verdadeiro conceito de Estado laico. Estado laico não significa um Estado antirreligioso, mas sim um Estado que não adota uma religião oficial, garantindo liberdade e igualdade de todas as crenças. O poder público, portanto, pode e deve apoiar manifestações culturais de cunho religioso, reconhecendo nelas o valor social, artístico e histórico que carregam.

Infelizmente, durante muito tempo, políticos de esquerda sequestraram a pauta da cultura para moldar mentes e influenciar gerações. Utilizaram a arte e a cultura como instrumentos de manipulação ideológica, esquecendo que a cultura não tem dono, não tem ideologia e não tem partido. A cultura é uma pauta social, pertence a todos e deve ser respeitada, valorizada e democratizada.

A criação do Colegiado da Cultura Gospel é a consolidação da democracia cultural em Canoas. Um espaço onde a voz cristã também participa das decisões, contribuindo para uma sociedade mais justa, plural e representativa.

Enquanto muitos tentam usar a cultura para sequestrar e moldar mentes, inserindo na sociedade comportamentos que fazem parte de uma agenda ideológica, nós precisamos devolver a cultura ao seu verdadeiro lugar: o da liberdade, da fé e do respeito às diferentes expressões que formam o nosso povo, retomando o caminho da verdadeira democracia. Que Canoas sirva de exemplo para o Rio Grande do Sul e para todo o Brasil, mostrando que o verdadeiro progresso acontece quando todos têm espaço à mesa da cultura.

*Empresário e ex-Secretário de Cultura e Turismo de Canoas