CAMINHOS DA VIDA | Se não recai.. porque voltei?

Clique para ouvir esta notícia

Voltamos a mais um texto da série CAMINHOS DA VIDA, para lembrar os 20 anos, de até aqui, uma caminhada de recuperação do comportamento e em consequência a busca constante pela sobriedade. Sempre lembrando, que sobriedade é muito mais que parar de beber e de usar drogas. VAMOS FESTEJAR A VIDA SÓ POR HOJE, 

Texto escrito em 15 de janeiro de 2009

Passei uma semana como residente da Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer, sem mordomias, fazendo todo o trabalho e seguindo a disciplina rígida de horários e tarefas que nos são sugeridas durante o período em que se permanece por lá.

Mas voltei… por quê? Se não recaí…

… voltei para me proteger principalmente da festas de fim de ano, o Natal e o Ano Novo, e também para renovar minhas energias de recuperação. Manter viva a chama de recuperação para mim é fundamental, pois se não reconhecer que sou um doente e estou em recuperação posso cair novamente. Não é isso que quero e nem minha família, que apostou e continua apostando em minha nova forma de encarar a vida. Neste período de residência vi como a rotina na rua te leva a relaxar na recuperação. É muito fácil eu me esquecer, por exemplo, das reuniões de metas, um exercício praticado na Fazenda, nas quais o residente recebe uma meta e tem que praticar, e depois de sete dias é avaliado por seus companheiros.

As metas são as seguintes:
Espiritualidade – Aceitar, ajudar e respeitar os outros como eles são, não guardar rancor, buscar um Poder Superior.
Comportamento – Mudar o comportamento de ativa. (Modo de agir)
Aceitação – Aceitar a mim mesmo e aos outros. Aceitar que preciso de ajuda.
Partilha – Partilhar dificuldades e alegrias sobre a programação.
Boa Vontade – Fazer as coisas bem feitas, com vontade. Estar sempre pronto para ajudar (3º Passo).
Disciplina – Ter horários, respeito, educação, postura e determinação.
Mente Aberta – Aceitar sugestões, absorver dificuldades e tirar para crescimento (2º Passo).
Adaptação – Adaptar-se aos horários, normas, grupo, etc.
Perseverança – Perseverar no cumprimento do programa.
Interiorização – Conhecer a si mesmo, buscar autoconhecimento.
Busca do programa – Ser participativo em reuniões e espiritualidade, buscar ajudar os outros. Buscar literaturas e sugar o máximo de informações possíveis.
Paciência – Não agir por impulsão, agir sem ansiedade, sem pressa. Buscar compreender e entender.
Humildade – Quebrar o orgulho. Ser o que realmente é, sem máscaras.
Seriedade – Ficar sério nos momentos certos. Levar o programa a sério.
Serenidade – Tranquilo, calmo, pensar antes de agir, aceitar.
Autoestima – Gostar de si. Higiene, roupas. Sentir-se bem, valorizar-se.
Honestidade – Assumir suas responsabilidades. Não mentir, nem enganar. Cumprir a palavra, sem máscaras nem falsidade (1º Passo).
Autovigia – Não se descuidar no tratamento, horários, objetos, normas (1º Passo) . Vigiar-se nos relacionamentos.
Cooperação – Estar sempre pronto a ajudar. Cuidar para não sujar ou atrapalhar o serviço dos outros.

Não tive a oportunidade de participar de uma dessas reuniões de mútua ajuda, pois era um período de festas e a rotina era mais de trabalho e de muita espiritualidade. Mas o que mais procurei praticar na comunidade, em meu retorno, foram principalmente duas coisas, Disciplina e Espiritualidade. Pude perceber como a rotina na rua te faz perder a disciplina que é ensinada na Fazenda, e eu achava que estava fazendo tudo certo na rua. Que nada!!! Fui pego em várias falhas nesse quesito, tipo: esquecer roupas, chinelos, falar em horários impróprios, entre outras coisas.

Quanto à espiritualidade, sempre pratico aquela convencional, que é ler coisas relativas ao assunto e mandar e-mails para ex-residentes. Mas todos sabemos que espiritualidade é muito mais que isso. Espiritualidade é estar bem consigo mesmo e isso se reflete nos relacionamentos. É servir sem querer recompensas. Tarefa difícil esta, mas me saí bem! Fui quebrando aos poucos a desconfiança dos residentes que me achavam um olheiro da direção da entidade ou que eu estava pagando uma de “curado”, e comecei a me relacionar muito bem com todos. Perguntado pelo professor de Tai Chi Chuan, Mestre Adriano, o que fazia por lá?, respondi:

Porque estou feliz, e um coração feliz fica e se sente bem em qualquer lugar!

SOBRE A FOTO

Dia 30 de DEZEMBRO 2008, 20h45min, tirei essas fotos da sacada de meu apartamento, em Canoas, Rio Grande do Sul. Sei que cada um vê o que quer!!! Mas senti uma forte presença de Deus!!! 

IMPORTANTE

Este é um dos muitos textos sobre recuperação da dependência química e do álcool que escrevi durante os 20 anos de minha caminhada rumo a sonhada sobriedade. Não sei se alcançarei, sobriedade é muito mais que parar com o uso do álcool e das drogas, mas estou no caminho certo. O projeto é um livro, ele vai sair, se possível, lançado na Feira do Livro de Canoas ainda este ano.

Por enquanto, todos os domingos irei colocar um dos textos em nosso site, se ajudar alguém que estiver procurando ajuda, já estarei gratificado.

BOM DOMINGO PARA TODOS!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore