CAMINHOS DA VIDA | Das rosas e dos espinhos

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Li, certa vez, que é uma loucura odiar todas as rosas porque o espinho de uma delas te espetou um dia. A maior das loucuras está no temor de andar para frente, desistir dos seus sonhos porque um deles não se realizou. Não podemos perder a fé e desistir de fazer um esforço a mais porque um deles não deu certo.
É loucura viver condenando os outros por seus erros e não ter a coragem de olhar os seus. É loucura começar a descrer do amor porque um deles não deu certo e lhe causou mágoas.
É loucura não acreditar na vida e jogar fora as chances de ser feliz  porque uma tentativa, ou várias delas, não alcançaram o que se esperava.
É loucura não me dar uma nova chance de recomeçar. Tenho que parar de cometer pequenos erros e desleixos em minha caminhada. Tenho que lembrar que existe sempre outra chance para um novo amigo surgir, reconquistar o amor e renová-lo todos os dias. Afinal, a vida começa todos os dias e ela é um eterno recomeçar. É assim, com esperança, que devo pautar o hoje, pois ele é um presente de Deus.
Devo lembrar em recomeçar sempre e renovar, ousar, ser mais atuante e menos passivo com as coisas, amar sem medo de ser feliz, pois de temores vivi a minha vida toda.
O que peço, mesmo, é uma chance de provar que posso mudar sem perder minhas qualidades e o meu bem querer. Quero viver e, mesmo que tenha sentido os espinhos das rosas, não vou me privar de sentir o seu cheiro.

Espalhando sementes

Anos se passaram e o diálogo ainda é muito presente. O aprendiz e o florista discutiam sobre o jardim do Renascer. Ele era formado por margaridas, que assim como sumiam, de uma hora para outra, renasciam resplandecentes por outros lados. O florista ficava realizado, mas o aprendiz queria girassóis. Ele os plantava e nada deles vingarem. Desanimado, o aprendiz pensou em desistir e foi conversar com o florista:
–  De cada dez girassóis que planto, nove não germinam. Onde estou errando?
– Você não está deixando a natureza agir, disse o florista. Observe, você já me viu plantar as margaridas?
– Não, respondeu o aprendiz.
– Nem vai ver, eu apenas jogo as sementes. O restante a natureza faz. Faça o mesmo, deixe as sementes no terreno e espere os pássaros e o tempo fazerem seu trabalho. Depois disso, é apenas regar e contemplar a beleza da recuperação.
O papo aconteceu, realmente, e foi com o florista Ivander da Silveira.  Era no tempo em que o crack era a nova epidemia em nosso país. Questionei o Ivander:

–  Por que o senhor continua insistindo se com essa nova droga de cada dez, os dez recaem?
E ele, em sua sabedoria, me perguntou:
– E você Marco, como está?
– Estou bem, seu Ivander!
– Que bom, seja você, então, quem espalha a semente do meu jardim!

E lá se foi ele rindo, com aquele sorriso vitorioso de quem havia dado mais um lição de vida.
(Na foto Ivander da Silveira (in memorian), em uma pescaria em 2012)

IMPORTANTE

Este é um dos muitos textos sobre recuperação da dependência química e do álcool que escrevi durante os 20 anos de minha caminhada rumo a sonhada sobriedade. Não sei se alcançarei, sobriedade é muito mais que parar com o uso do álcool e das drogas, mas estou no caminho certo. O projeto é um livro, ele vai sair, se possível, lançado na Feira do Livro de Canoas ainda este ano.

Por enquanto, todos os domingos irei colocar um dos textos em nosso site, se ajudar alguém que estiver procurando ajuda, já estarei gratificado.

BOM DOMINGO PARA TODOS!

4 Respostas

  1. Vai sair tudo certo com teu livro. Deus abençoa os que procuram estar ao Seu lado jogando as sementes e deixando Ele agir.

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