No final do ano de 2022 Canoas se despediu do professor, livreiro e Maestro Octavio Longhi, ele nos deixou no dia 31 dezembro. Conheço toda a família do seu Longhi, me criei com os guris e as gurias. Mauro, Inácio, André, Keka e Chica, chamo carinhosamente pelos apelidos os filhos da querida dona Ivone, a fiel e eterna companheira de nosso mestre Longhi.

Foram uns de meus primeiros amigos na cidade, a livraria era parte de minha vida, meu caminho para o trabalho era sempre com um bom dia na ida e um boa noite no retorno. A família Longhi se confunde com minha trajetória em Canoas. O Mauro vendeu o apartamento para minha família, o Inácio nosso parceiro de noitadas, música e cultura, a Raquel parceira e colega de trabalho por anos, a Chica a senhorita da Livraria Canoas e o André o menino que vi crescer. São 44 anos de convivência com os Longhis.

Hoje recebi uma obra do meu saudoso amigo Octávio, intitulada “Uma história de talento, birra e boa vontade”, de autoria de Alexandre Rafael da Rosa, vem carregada de boas lembranças e me faz lembrar que Canoas ainda não prestou a devida homenagem por parte do poder público. Seu Longhi, não só pelo seu trabalho, mas pela importância como cidadão para a educação e cultura de nossa Aldeia, merece muito mais que ser apenas um nome de rua.

Seu Longhi, nasceu em 1926 no dia 10 outubro, apesar dele afirmar ter sido no dia 26. Segundo outro vulto da cultura canoense, o artista plástico Vinício Cassiano, “muitas foram as pessoas que contribuíram e contribuem para o crescimento cultural de nossa cidade, mas certamente entre eles será lembrado, o baluarte que foi, é e será para sempre o professor Octavio José Longhi”.

O livro é um belo presente do passado e da história de Canoas, que graças a Deus pude vivenciar. Com certeza foi assim que o autor da obra deve ter se sentido, conversando com a própria materialização de cultura e de conhecimento. Alexandre escreve na obra, na nota do autor, “E se há algo que eu não devo lamentar, é o tempo que passei com senhor Longhi durante as entrevistas e as constantes avaliações do andamento do projeto. Em determinadas tardes, após a passagem obrigatória pelo espaço da Livraria, e às vezes na ausência de Ivone, sorrateiramente invadíamos a cozinha para preparar um cafezinho, o qual, evidentemente, não poderia ser desacompanhado de alguma iguaria preparada por ela. E, entre tantas delícias, uma torta de bolacha que era um verdadeiro manjar dos Deuses, prova de que aprendera o ofício herdado do pai. No início eu ficava meio constrangido de saborear tanta coisa boa, mas quando percebi que Seu Octavio, na verdade, era cúmplice nesta investida, fiquei à vontade. Ah, sentirei saudades destas tardes”, completa o autor.

E foi exatamente isso que seu Longhi nos ofertou, em vida, ele era cúmplice em nos ensinar que uma cidade é feita de valores culturais e pela educação. Seu Octavio foi um professor, que com simplicidade, nos ensinou o valor de Canoas.

Participei de muitos eventos que o maestro comandava o Cocan – Coral de Canoas – que elevou o nome de nossa cidade por muitos lugares do Brasil e do Mundo. Dos Bailes de Kerb para angariar fundos para poder difundir muito mais a cultura canoense.

Seu Longhi era um homem muito à frente de seu tempo, e desde os primórdios já nos ensinava, “Povo que canta é povo feliz”!

Saudade de seu Longhi, obrigado Mauro!

Lerei o livro saboreando uma torta de bolacha, não tão boa como a da Dona Ivone, mas com gosto de gratidão.

PALAVRAS DO PREFEITO JAIRO JORGE

“Otávio Longhi sempre foi uma chama da cultura viva em nossa cidade. Sua perseverança, sua trajetória, sua cordialidade e dedicação são exemplos para todos nós”.