Crônica de um dia chuvoso em Canoas e a Feira do Livro

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Acordei, não morri dormindo, estou vivo. Então vamos ao ócio criativo.

Mais um domino enroscado, o tempo nublado, daqueles no qual o céu se encontra cinzento e de ruas estão vazias. Ao olhar para fora, só vi reflexos das luzes nas ruas úmidas da cidade.

Vamos preparar um café, e o aroma começa a invadir meu lar, enquanto eu ansiava pelo primeiro gole quente para me aquecer, comecei a pensar quantas pessoas ainda não voltaram para suas casas devido às chuvas insistentes que não dão trégua ao nosso estado, choveu muito ao norte e com isso, mais uma vez, irá refletir nos ribeirinhos.

Estou no conforto de meu lar e observo cada detalhe que torna meu ambiente acolhedor, ao abrir minhas cortinas brancas uma brisa suave que entra pela janela, trazendo consigo o cheiro de terra molhada. Existem livros olhando para mim, pedindo para serem lidos. Vale lembrar, que estamos em plena Feira do Livro em Canoas, talvez passe por lá durante o dia (vejam sobre a noite de ontem e a programação abaixo). O sofá e almofadas pareciam aconchegantes, convidando-me a me acomodar e passar o dia todo ali, imerso em histórias e pensamentos.

Uma música gaúcha, que toca na televisão, completa uma atmosfera de paz e tranquilidade, contrastando com o silêncio da cidade lá fora. Fechei os olhos por um momento e deixei que a melodia me levasse para longe, para um lugar distante daquela realidade fria e cinzenta. Lembrei-me de que nós é que decidimos como será o nosso dia, e que, mesmo sendo um dia cinzento, podemos despertar o brilho do sol e ter a esperança que tudo irá melhorar.

Com o café, finalmente pronto, me aconcheguei ao sofá, olhando pela janela. As pessoas começam a passar, hoje tem missa na paróquia do Marechal Rondon, elas carregam capas e guarda-chuvas para se protegerem em uma possível que insiste em voltar de quando em vez. E, eu, no conforto de meu lar, penso na chuva da madrugada, ela era apenas uma melodia que embalava meus pensamentos e meu sono.

É mais um domingo, mas, a cada gole de café, sinto uma sensação de serenidade e gratidão invadindo meu ser. Penso em um passado não muito longínquo, afinal são só 20 anos, onde aprendi que devemos ter um dia para desacelerar, para aproveitar o tempo apenas comigo e, hoje, não tenho pressa para nada, serei apenas um observador.

Lembro que no dia 1º de janeiro de 2024, se não morrer dormindo, completarei 46 anos como um imigrante acolhido em Canoas. Olho, novamente, para meus livros e encontro a Anatomia de uma Cidade, são duas obras de Antonio Jesus (o Verdadeiro) Pfeil, o volume 1 foi escrito em 1992 e o volume 2 foi escrito em 1995. Tive participação importante nas duas obras, eu paginei o primeiro praticamente sozinho e no segundo ajudei juntamente com uma grande equipe do Jornal Folha de Canoas, da saudosa Marione Leite, minha irmã.

A cada página desses livros que ajudei a construir, me sentia mais perto e feliz por fazer parte da cidade que escolhi para viver. Os livros da história de Canoas e as coisas contadas pelo historiador transportavam minha mente para lugares desconhecidos. Ao olhar para um passado recente, já não sinto mais um dia cinzento.

O tempo parece passar devagar, como se as horas tivessem estendido suas asas de forma à prolongar esse momento especial. O cheiro de café e de chuva se mesclam no ar, formando uma atmosfera única e reconfortante de ser parte de um todo, me sinto quase um canoense.

Estou entregue à paz que invade meu coração dentro de casa. Um domingo chuvoso, mas sei que esses momentos de tranquilidade são raros e preciosos, capazes de recarregar as energias e nutrir a alma, tão castigada pala vida cotidiana e, às vezes, nada agradável. No café da vida real não vai açúcar, é preciso adoçar com bons momentos vividos.

E assim, mesmo com a chuva lá fora, eu me sinto grato pela oportunidade de ter aquele domingo especial e chuvoso. Todos os ruídos da cidade pareciam distantes, enquanto eu me embalava em palavras, música e café, desfrutando da magia que um dia chuvoso podia trazer.

*Marco  Leite | Articulista 

 

LEIA SOBRE A FEIRA DO LIVRO DE CANOAS

Elisa Lucinda encanta o público da Feira do Livro neste sábado

Apesar da chuva, os canoenses marcaram presença na 38ª Feira do Livro neste sábado (7). Foram diversas atrações como contação de histórias, teatro de bonecos, caminhada, encontro das Casa de Poetas do Brasil, sessões de autógrafos, mesa com escritores canoenses e encontro com Elisa Lucinda.

“Achei a Feira linda. O tema é muito interessante. A variedade de títulos é ótima. Fiz várias fotos e eu vou divulgar no grupo do condomínio. Comprei um livro para a minha neta de nove meses. Ela vai poder manusear na banheira, brincar com o livro que é bem colorido”, comentou Terezinha De Marco, 56 anos, moradora do bairro Igara.

A primeira edição da mesa ‘escritor canoense’ ocorreu no final deste sábado e contou com a participação dos autores Marlise De Gregori Pozzatti e Henrique Veber, falando sobre poesia. A mediação foi de Luciano Alabarse. “É um prazer estar aqui, na Feira do Livro de Canoas, mais uma vez! Acho que é importante essa valorização dos autores canoenses, porque obviamente a gente tem que trazer autores de fora, mas também ter essa valorização dos autores daqui é extremamente importante”, destacou Henrique.

Elisa Lucinda: uma multiartista

Ela entrou deslumbrante, cantando poesia e fazendo o público aplaudir e se emocionar. Em um bate-papo extremamente descontraído, Elisa interagiu com o público e mostrou ser uma multiartista completamente apaixonada pela arte, transparecendo isso em sua fala e exaltando a importância da literatura para a vida de todos.

“Eu acho que uma festa literária tem obrigação de provocar reflexões, que muitas vezes estão restritas aos grandes centros urbanos. Então, a minha expectativa é trazer uma conversa que eu venho tendo com o Brasil, sobre as grandes questões nacionais, que eu passo esse através da minha poesia, porque sou uma ativista com a minha arte e tenho muito orgulho disso, porque a arte é tradutora de nossas vidas e a gente vê isso no teatro”, comentou Lucinda antes de subir ao palco.

A artista ainda deixou um recado para o público, incentivando a leitura. “A literatura é uma espécie de milagre com a palavra, porque ela tem muito poder de cura, tem muito poder de transformação. Eu acredito que o livro seja a passagem mais barata do mundo. Eu abro um livro e posso estar em vários lugares do mundo, até em um planeta que não existe. Esse é o poder do livro! Então, você que não pode vir me ver, me leia”, completou.

Sobre a 38ª Feira do Livro

Ministério da Cultura, Zaffari, Vero e Corsan, apresentam… Santos Dumont em: é tempo de voar! A 38ª Feira do Livro de Canoas acontece de 6 a 21 de outubro. As atividades ocorrem na Praça da Emancipação, na área central da cidade, e em espaços como o Paço Municipal e a Biblioteca Pública João Palma da Silva, com atrações gratuitas para todos os públicos.

Nesta edição, a Feira do Livro tem como tema os 150 anos de Santos Dumont, considerado pai da aviação. Em alusão à data e também pelo fato de Canoas ser conhecida como a “Cidade do Avião”, o evento contará com uma exposição de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Entre as atividades, destacam-se também o Caminho das Letras (letras gigantes do alfabeto estão sendo espalhadas pela cidade, com indicações de livros e autores).

Produção Cultural: Danna Produções. Realização: Prefeitura de Canoas – Ministério da Cultura Governo Federal Brasil – União e Reconstrução. A programação completa você confere no site canoas.rs.gov.br/feiradolivro e nas redes sociais da Prefeitura de Canoas.

Ecom – Prefeitura de Canoas

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