É preciso que o município admita: o Sistema de Saúde de Canoas está em colapso

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Marcelo Matias | vice-presidente do SIMERS

Canoas, com mais de 340 mil habitantes, possui o terceiro maior PIB do RS, parque tecnológico diferenciado e localização privilegiada no nosso Estado. Com tal pujança econômica e três hospitais — o Universitário, o de Pronto Socorro e o Nossa Senhora das Graças, teria tudo para ser um polo de saúde pública e, com isso, um exemplo a ser seguido. Entretanto, esta não é a realidade.

Qualquer cidadão que acompanhe as notícias ou precise de atendimento nos nosocômios, percebe, a olhos nus, que, apesar da boa vontade e qualidade dos profissionais de saúde, a carência de insumos e de condições de atendimento prejudicam o acesso aos meios diagnósticos e de tratamento. Problemas que nunca foram efetivamente resolvidos, mesmo com as diversas tentativas ou intervenções dos vários gestores municipais.
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No atual momento, o que vemos é o atraso nos pagamentos dos médicos que fazem atendimento por pessoa jurídica nos três hospitais, a suspensão potencial da execução de procedimentos médicos e o risco de fechamento de serviços, inclusive de Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico. Sem falar na insegurança geral dos trabalhadores de todos os hospitais.

E como está a gestão dos três nosocômios? O Hospital de Pronto Socorro está terceirizado e apresenta atrasos de repasses pela Prefeitura Municipal, provocando ameaça de redução nos procedimentos cirúrgicos. Já o Hospital Nossa Senhora das Graças encontra-se sob intervenção do município, onde uma carta do Corpo Clínico médico alertou para a manutenção apenas das cirurgias oncológicas e de urgência. Por fim, o Hospital Universitário virou notícia na imprensa regional, pelo fato de a intervenção judicial do município sobre o CNPJ da empresa FUNAM não ter ainda oferecido condições adequadas de trabalho. Uma crise que tem sido pública.

Como uma cidade com uma das maiores arrecadações do estado chegou a esse ponto? Simples: sempre buscou a mesma solução para problemas antigos. Dessa forma, terceirizações que terminam na justiça, intervenções da gestão municipal, dívidas trabalhistas acumuladas pelo tempo e falta de projeto para longo prazo são a regra na saúde de Canoas. Situação agudizada com a ação do governo gaúcho, com a criação do programa Assistir e que retirou do município um valor superior a R$ 80 milhões.

Apesar de Canoas investir em Saúde acima da legislação, as soluções parecem mais distantes. Enquanto isso, os munícipes de mais de 150 cidades que possuem os hospitais canoenses como referência sentem na pele o descaso, que vai desde a demora aos procedimentos tão importantes ainda não realizados até as vidas colocadas em risco, sem o atendimento adequado.

Só uma mudança radical na gestão poderá ser a solução para tão graves problemas. Entretanto, uma transformação só acontece quando reconhecemos as nossas fragilidades. Enquanto isso, todos os cidadãos e seus representantes, sejam vereadores, membros do conselho municipal de saúde, secretário de saúde, prefeito, deputados estaduais, secretária de saúde do estado, governador, além do ministério público e do judiciário, deveriam atuar em nome da população, unindo esforços por uma Saúde que Canoas merece.

2 Respostas

  1. Temos que entender como positiva a manifestação do SIMERS, através do seu Vice Presidente, Dr. Marcelo Matias, e das ações que a entidade vem realizando no nosso município, pois buscam garantir o vital atendimento na área da Saúde!
    Também cabe destacar, o que aumenta a grandeza das ações, é o viés, técnico, na avaliação do quadro caótico que se encontra a Saúde de Canoas!
    Em contra partida o que nos impressiona, como já manifestei, é o calar dos “fiscalizadores” e, incrivelmente, como se não existisse, do Conselho Municipal de Saúde (CMS)!
    Esse, CMS, no futuro cabe um capítulo à parte!
    Todavia é impressionante o registro pontual que podemos fazer na Câmara de Vereadores!
    Trabalhadores que não são trabalhadores ou que não mereçam defesa dos seus direitos constitucionais, pois não tem o apoio daqueles que se intitulam representantes dessas categorias!
    Os médicos e profissionais de Saúde, que não têm seus direitos respeitados e não recebem as mínimas condições de trabalho, são criticados!
    Necessário expor, detalhadamente, o cenário da Saúde de Canoas, como muito bem diz o SIMERS, que é de responsabilidade da gestão municipal, o que é um fato!
    – Médicos e profissionais de Saúde, independente de quanto recebem, pois é situação contratual e prevista em legislação, tem, sim, que ter seus direitos assegurados!
    – Os atrasos de salários é fato recorrente
    – Os médicos, como apontado na mesma manifestação, não recebem 50 mil reais como se fosse o salário da categoria
    – Faltam medicamentos básicos
    – Faltam exames laboratoriais
    – Faltam insumos, como álcool gel
    – Faltam equipamentos de proteção individual
    – Faltam manutenções em aparelhos avariados (ressonância magnética)
    – Faltam Laudos radiológicos
    – Faltam órteses, próteses e materiais especiais
    – Cancelamento de cirurgias
    – Pessoas esperando no HPS a mais de 80 dias por cirurgias de trauma e vascular
    – UTI Pediátrica Intermediária (HU) FECHADA por falta de médicos
    E mais uma infinidade de situações, não merecem a necessária defesa de todos os vereadores, inclusive da bancada petista?
    Esses registros, afetam ou não o ambiente de trabalho e o desempenho dos trabalhadores da Saúde?
    A defesa da gestão fica acima dessa realidade?
    Que o SIMERS e os demais que tem se manifestado permaneçam fiscalizando e propondo!

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