*Por Pinheiro Neto
A Marcha pelas Crianças do Brasil – Edição Canoas foi um movimento da sociedade civil organizada, que reuniu famílias, igrejas, escolas, autoridades e cidadãos com um único propósito: a proteção das nossas crianças. Um ato de amor e consciência coletiva, sem ideologia e sem partido, onde a bandeira principal foi a defesa da infância e da família.
A caminhada representou a união de uma sociedade que entende que a infância deve ser preservada e protegida, pois é nela que se constrói o futuro de uma nação. Pensar nas crianças é pensar na base do país, é cuidar daquilo que temos de mais valioso.
Durante a Marcha, destacou-se o trabalho incansável de pessoas comprometidas com essa causa, como a pastora Luciane Machado, organizadora do movimento, que tem sido uma voz firme em favor das crianças. Também foram reconhecidos os esforços de órgãos competentes como o Ministério Público, a Polícia Civil, os Conselhos Tutelares e demais instituições que atuam na linha de frente no combate aos crimes contra nossas crianças.
Entretanto, é fundamental que o poder público vá além da repressão e invista em políticas públicas de prevenção. É preciso preparar professores, agentes de saúde, líderes comunitários e profissionais que têm contato direto com as crianças, para que saibam identificar sinais de abuso, negligência e violência. Somente com uma rede bem treinada e integrada será possível agir antes que o pior aconteça.
Outro ponto que merece destaque é a situação das crianças atípicas e neurodivergentes, muitas vezes incapazes de expressar verbalmente o que sentem ou sofrem. Elas estão entre as mais vulneráveis e precisam de atenção redobrada, com profissionais capacitados para perceber mudanças de comportamento e comunicar possíveis situações de risco.
Ao olharmos para os números, percebemos a urgência dessa causa. Segundo o Disque 100, o canal registrou 657.200 denúncias em 2024, das quais 289.400 envolveram crianças e adolescentes, um retrato da vulnerabilidade que atinge nossos meninos e meninas. Além disso, em 2022 foram registradas 54.490 ocorrências de violência sexual contra crianças e adolescentes, e entre 2021 e 2023 foram contabilizados 164.199 casos nesse recorte.
No ambiente digital, o cenário também preocupa: entre janeiro e julho de 2025, foram reportadas 49.336 denúncias de abuso e exploração sexual infantil na internet, segundo dados da SaferNet Brasil.
O trabalho infantil segue como outro desafio estrutural, com 1,65 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho em 2024, segundo o IBGE, um lembrete de que precisamos transformar a mobilização social em políticas públicas eficazes e permanentes.
A Marcha pelas Crianças do Brasil foi mais do que uma caminhada. Foi um grito coletivo em defesa da inocência, da dignidade e do futuro. Um gesto que aconteceu em Canoas, mas que ecoa por todo o país, chamando pais, mães, educadores, igrejas e governos a se unirem na mais nobre das causas: proteger nossas crianças.
*Empresário e ex-Secretário de Cultura e Turismo de Canoas

















