Os enigmas do vereador Ezequiel | O que ele sabe e não quer revelar?

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O clima na Câmara Municipal está tenso, à medida que o processo que pode resultar na cassação do vereador Ezequiel avança. Enquanto as testemunhas são ouvidas, novos áudios do vereador, gravados em um grupo de WhatsApp, aparecem e agitam ainda mais as águas turbulentas da política local.

No primeiro áudio, Ezequiel deixou uma declaração alarmante: “o dia que a gente abrir a boca, meu, eu vou ter que sumir do mapa, porque senão amanhã não estou aqui, mas cai a casa de todo mundo”. Essa frase levanta um questionamento crucial: O que exatamente ele sabe? A quem ele se refere? Quando indagado pelo vereador Emílio sobre as provas que possuía contra seus pares, Ezequiel tergiversou, afirmando apenas que não havia dito a palavra “vereador”.

A situação se intensifica com mais dois áudios recentes. No primeiro deles, o vereador declara: “Eu, quando entrei na política, eu decidi não me contaminar. Não me contaminar. Foi oferecido o cargo, já foi me oferecido. Enfim, nunca aceitei. Sempre quis ser independente. É complicado. Hoje, triste. Sabe o que eu vejo? Uma pessoa que era aliada. Olhar para uma pessoa que não é aliada. Depois da votação e dar um sorriso na minha frente. Hoje você percebe que realmente existe esse jogo de tentativa de manchar reputação. Foi que nem o Nicolas, né? O primo dele foi preso. E queriam colocar a culpa no Nicolas. Porque o Nicolas, os caras não conseguem fazer nada com o cara. Todos os apontamentos que temos até aqui são apontamentos mentirosos e que vão cair por terra. Se não caíram, vão cair. Pode ter certeza”.

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As interrogações são inúmeras:
— Sobre quem o vereador se referia quando disse que teve oferta de cargos?
— Com qual finalidade?
— Quem era aliado e deixou de ser, trocando sorrisos em votação?
— Quem está jogando para manchar a reputação do vereador?

Essas questões permanecem sem resposta, e a falta de nomes concretos torna suas afirmações ainda mais nebulosas. Em um segundo áudio, Ezequiel se posiciona: “Eu não sou da base da prefeitura, eu sou da base do povo, o povo me colocou aqui. Tô lutando pelo certo, e o certo é o certo, independente do que aconteça. Tenho certeza que Deus vai dar a estratégia certa para gente poder combater esse mal dentro da corrupção. Eu não sei quem é o chefe, quem é o comandante, mas a gente vai descobrir. A gente vai descobrir, pode ter certeza. E eu falo sem medo assim, gente, de verdade. É tudo máfia isso aí, para mim é tudo máfia. Tem muita coisa para aprender ainda, muita coisa para aprender, mas não é qualquer pressãozinha de um coletivozinho que vai fazer eu mudar ou tirar a lucidez que carrego na mente. Eu nunca irei me curvar na pressão do coletivo. Juridicamente o processo não tem força. Se houver uma cassação, vai ser uma cassação política. Claramente, claramente”.

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Isso levanta novas perguntas:
— O vereador quer dizer que ser base do governo é ser contra o povo?
— Qual corrupção ele alega estar combatendo?
— Quem é o “coletivozinho” que está fazendo “pressãozinha” sobre ele?
— A quem se refere quando diz que é tudo máfia?

Parece claro que Ezequiel está mais interessado em atacar do que em se defender, mas suas acusações, desprovidas de nomes e provas concretas, somente criam um ambiente de desconfiança e rivalidade. Ao colocar sistematicamente seus pares em descrédito, ele pode estar apenas colecionando desafetos e perdendo aliados.

Ainda mais intrigante é a questão sobre sua capacidade de articulação. Se Ezequiel tem receio de alguém, por que não busca proteção das autoridades? E se suas declarações são somente blefe, por que não renuncia e evita o vexame de uma provável cassação que culmine com o Vereador saindo calado, frustrando seus eleitores após tantas promessas de denúncias bombásticas?

As manifestações do vereador, ao que tudo indica, agravam ainda mais sua já delicada situação com os demais Edis. Deixamos aqui o espaço aberto para que Ezequiel possa se manifestar e, quem sabe, esclarecer suas enigmáticas declarações que pairam como uma sombra sobre a política local.

O Autor é advogado e jornalista, colunista do Notícias da Aldeia

ENTENDA O CASO

Audiências de cassação do vereador Ezequiel estão marcadas para os dias 7 e 9 deste mês

2 Respostas

  1. Fico impressionado ao nível que chegaram para abrir um processo de cassação contra um detentor de mandato popular. A injustiça que a Câmara pratica ao abrir processo por “suspeitas de declarações homofóbicas, machistas e de falta de decoro” poderá em breve alcançar a todos. Afinal o vereador Ezequiel representa uma parcela dos eleitores de Canoas que a ele confiaram a representação política. E vem muito bem representando os interesses populares ao praticar uma boa e devida fiscalização dos serviços públicos. E, detalhe, sem a demagogia existente no mar em que surfam seu inimigos.

    1. Concordo em gênero, número e grau. Cassar um vereador por opiniões em redes sociais abre um precedente perigosíssimo para a própria democracia e liberdade de expressão.

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