Meu astuto jornalista e amigo Rodrigo Becker, sem querer pode ter acendido o estopim de uma bomba que estava adormecida, a pergunta que fica é, será que o prefeito Jairo Jorge vai conseguir apagar o fogo do fio cordão embebido com combustível de suas declarações antes que uma carga de explosivos comece a estourar?
Vamos explicar, no último sábado o prefeito falou para Becker sobre a licitação, onde confirmou a montagem do edital e que está dentro dos prazos para que tudo ocorra até o final de dezembro deste ano.
De acordo com Jairo, “a licitação do transporte público em Canoas vem aí”.
Na matéria, o prefeito Jairo Jorge confirmou que a empresa de consultoria contratada pelo governo está trabalhando sobre os dados do transporte para montagem do edital; mais do que isso, está trabalhando em uma nova modelagem que possa tornar o sistema mais eficiente e barato. O atual contrato com a Sogal vence em 23 de dezembro deste ano e, rigorosamente, não pode mais ser renovado. Há especulações de que a empresa acione à Justiça por passivos que alega ter ao longo dos mais de 50 anos em que operou o transporte por ônibus em Canoas, mas isso não está na pauta do governo. “Vamos licitar”, garantiu o prefeito.
DETALHES
Becker continua, “os detalhes do estudo contratado pelo governo só devem ser conhecidos no segundo semestre do ano, como já havia adiantado a Secretaria de Mobilidade e Transporte no início de maio. Uma das ideias é de que o sistema seja dividido por quadrantes, permitindo que mais de uma empresa opere o sistema em cada região da cidade. Essa possibilidade, é claro, depende do modelo econômico a ser adotado: precisa, antes de tudo, ser viável ou não irá atrair interessados”.
E Jairo completa, “Também estamos pensando em um modelo de fretamento”.
O QUE É O MODELO FRETAMENTO?
O fretamento é um modelo em que o custo se calcula pelo quilômetro rodado. A empresa percorre uma determinada quantidade de quilômetros por mês e recebe um valor por isso por parte da Prefeitura. Incrementos tecnológicos e modernização da frota podem ser incorporados ao sistema como investimento e amortizados ao longo de um período longo dentro do custo por quilômetro rodado. “E a fiscalização do que a empresa cumpriu pode ser facilmente feita por GPS”, lembra o prefeito.
Nesse modelo, o valor pago pela passagem é a principal fonte de financiamento do sistema, mas não precisa ser o único. Atualmente, tanto a prefeitura como o governo federal abastecem o sistema com subsídios – a prefeitura em valor muito mais considerável, aliás. No modelo de fretamento, fica mais claro a importância do subsídio para manter o preço da passagem em patamares competitivos e razoáveis, além de regular a mobilidade: quanto mais barata for a passagem, mais gente tem acesso ao transporte e menos carros precisam ocupar as ruas.
O MODELO ATUAL
Atualmente, o sistema de transporte em Canoas é feito pelo modelo jurídico de ‘permissão’. Nesse modelo, a prefeitura concede à uma empresa, a permissionário, o direito de explorar o transporte mediante algumas metas de investimentos, especialmente a renovação da frota. Esse modelo surgiu ainda nos anos 50, com a explosão demográfica nas grandes cidades e a necessidade de ampliar a mobilidade de trabalhadores urbanos. De lá para cá, em mais de 70 anos, mudou pouco.
OS EMPREGADOS VÃO REAGIR
Os sindicalistas reagiram a reportagem, de acordo com o sindicado dos Rodoviários de Canoas e o presidente Marcelo Nunes, a matéria muito preocupa classe dos trabalhadores. Para Nunes, o momento é muito delicado. Existe muita dificuldade para acalmar a discussão que envolve o dissídio dos trabalhadores, onde Porto Alegre já acertou 5,72% de aumento de salários e muitos outros benefícios. Isso, sem contar os demitidos da época da pandemia que ainda não receberam todas as suas verbas rescisórias e seguem sem uma solução para este problema.
Agora, com a matéria, os funcionários da Sogal estão bem preocupados com as declarações de Jairo Jorge. Visto que todos os funcionários da ativa possuem valores bem consideráveis de verbas rescisórias a receber, e o que está se falando e sendo ouvindo, é que a empresa vai fechar no final do ano por conta dos rumores de uma possível licitação.
Os funcionários estão perguntando, e quem paga essa conta?
O presidente alerta que, estar tentando evitar conflitos, o maior medo é que possa vir algum movimento político e possa trazer o caos para o sistema, os trabalhadores, hoje, estão muito preocupados e os ânimos começam a esquentar.
Como falamos na abertura da matéria, o sindicado fica entre a cruz e a espada, com a bomba prestes a explodir. Pois a empresa alega ter tido prejuízos milionários ocorridos durante a pandemia e por isso não consegue honrar com todos os compromissos. Por outro lado, a Prefeitura faz o que pode para manter o sistema funcionando.
“Mas agora, com todo esse impasse, vai virar uma grande guerra e quem vai perder será mais uma vez a população que depende do transporte coletivo de Canoas”, alerta o presidente.
POSIÇÃO DA SOGAL DIANTE DA LICITAÇÃO
Em entrevista, O6 de fevereiro de 2023, para o Notícias da Aldeia Marlon Casagrande, CEO da Sogal, declarou:
NOTÍCIAS ALDEIA:
E aí, chegamos a grande pergunta, este ano teremos a famosa licitação do transporte coletivo, o que a Sogal pretende fazer em relação a isso? Com a licitação a expectativa de vida da Sogal será de 8 meses, opinião do Aldeia, OK.
MARLON:
Sim você está certo, somente 8 meses, por isso precisamos repensar e avaliar as consequências desta medida, devido à grande complexidade que envolve esta questão. O tema licitação é algo muito preocupante na minha visão, pois no final de 2018 recebemos 1 ano de contrato, o que não permitiu melhorias previstas no sistema, já em 2019 recebemos mais 4 anos de contrato, do total de 10 anos que teríamos direito pelo contrato de concessão, o fato é que dos 4 anos que recebemos, praticamente 3 anos passamos em pandemia, não se pode fazer muita coisa a não ser sobreviver a esta crise sanitária que abalou as finanças de milhares de empresas em nosso país e no mundo. Precisamos dialogar com a Prefeitura para termos uma tolerância nessa questão e dilatar o prazo para que possamos recuperar os prejuízos acumulados nos anos de 2020 e 2021 e também honrar com todas as repactuações bancárias feitas durante a pandêmica, outro fator é que precisamos criar lastro financeiro para a desmobilização futura da concessão, atualmente são centenas de famílias que dependem dos empregos gerados pela empresa e não podemos esquecer disso. Com certeza, tudo isso precisa de tempo para ser planejado e organizado, pois estamos falando de uma empresa de 56 anos de existência.
NOTÍCIAS ALDEIA:
Em três anos de Pandemia, a Sogal acumulou um prejuízo de cerca de R$ 22 milhões, quem irá arcar com estes custos, caso a empresa não continue no transporte coletivo canoense?
MARLON:
Esse é o grande problema, pois quem tem que arcar com esse prejuízo é a própria empresa, este passivo foi acumulado nos anos de 2020 e 2021 no pior período da pandemia, tivemos que demitir 50% dos nossos colaboradores e desmobilizar abruptamente nossas operações, muitas empresas quebraram nesse período, mas fomos ágeis na tomada de decisões e fizemos as mudanças antes de nós tornamos insolventes, mas tudo ainda está sendo administrado e o passivo controlado, com a empresa operando isso vai se ajustando e sendo pago. Mas, no caso da retirada da empresa o que é um direito do poder concedente, realmente será um grande problema, pois o passivo acumulado da pandemia, somado a desmobilização total da concessão sem dúvida nenhuma será o pior cenário para todos e precisaremos buscar está solução junto ao município, por isso a flexibilização de prazo no contrato é a forma mais inteligente para todas as partes envolvidas e a solução para todos estes passivos.
NOTÍCIAS ALDEIA:
Todos sabemos que a Sogal ainda tem o direito de ficar mais cinco anos atuando no transporte, seria o restante dos 10 anos que a empresa tem direito de prorrogação no contrato, o que será feito? A Sogal irá em busca de seus direitos?
A empresa cumpre com todas as determinações feitas pela SMTM, que é a secretaria que fiscaliza e administra o contrato, sempre buscamos o diálogo junto à Prefeitura, vamos apresentar nos próximos meses, um projeto para os próximos 5 anos, precisamos mostrar os cenários possíveis para que seja avaliado pelo poder concedente.
OPINIÃO DO ALDEIA
Como podemos ver, com a entrevista de Jairo, a posição do Sindicato e o caminho que empresa pretende tomar, é melhor todos sentarem e acertarem um diálogo, pois o estopim está acesso e o pavio é curto. Melhor acertarem as coisas, pois senão, mais uma vez a população vai ficar a pé e as greves, que haviam sumido, vão voltar a fazer parte do dia-a-dia dos canoenses.
Só para lembrar, em uma guerra todos perdem, não existem vencedores.
E O SISTEMA IRÁ FUNCIONAR?
O sistema de fretamento que Jairo que implantar, dá a impressão que demandaria muito mais recursos do município, por exemplo: hoje o município paga apenas pelas gratuidades do sistema, apenas isso. Um pagamento que não permite renovação de frota, desenvolvimento de novas tecnologias, entre outras coisas que uma empresa precisa fazer, apenas mantém o sistema vivo ou funcionando. O município de Canoas, hoje, passa por grandes dificuldades financeiras no orçamento, portanto prometer um investimento irá gerar um grande custeio.
Seria correto trocar um sistema neste momento?
Trocar o de hoje, por um outro que se tornaria ótimo para todos, requer uma pergunta, a Prefeitura terá condição de arcar com esses custos frente ao déficit que tem hoje?
Se hoje a Prefeitura não consegue enfrentar seus custos, como o executivo vai colocar mais dinheiro do que já colocou no transporte? Sendo que no momento em que forem colocadas frotas zero quilômetros para rodar no sistema, vai aumentar e muito os subsídios para equilibrar.
Outro ponto, com mais empresas operando em quadrantes em Canoas, teremos custos extras, principalmente no administrativos, vejam bem, hoje temos uma administração para toda a cidade. Com quatro novas empresas, uma em cada quadrante, termos todos os custos quadruplicados, com administração, oficinas, entre outras coisas que são de competência para o transporte funcionar, sustentar essa estrutura operacionais seria de grande demanda.
São algumas perguntas que ficam no ar e nós estamos sugerindo um grande debate, executivo, empresa, funcionário e, principalmente, a população, que usa o sistema e precisa dele funcionando.
VEJA MATÉRIA COMPLETA COM MARLON CASAGRANDE
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5 Respostas
Posso dizer com total clareza de minha parte, nunca passei nenhum tipo de incômodo ou necessidade com os serviços do transporte público de Canoas. Os serviços da sogal foram sempre muito bem prestados a mim, sem qualquer tipo de problema, com muita qualidade e segurança.
A preocupação maior é o que vão fazer com os trabalhadores pais de famílias que ficarão desempregados se a empresa sogal não prestar mais serviço na cidade de Canoas, isso é o que me preocupa.
Quase 50 se passaram, a e Sogal transportou algumas gerações da cidade de Canoas igual a Gado, serviço de péssima qualidade, sujo, ônibus LOTADOS, gente caindo pelas portas, caro, horários espaçados e atrasos. Faturaram MUITO encima do descaso com a população, agora querem arrego, porque, pois somente depois do GOVERNO JJ foram obrigados a melhorar o serviço? kkk Tchau.. ja vai tarde, muito tarde SOGAL.
“Esse R$ 1 milhão, vejam, são R$ 12 milhões que estamos colocando, isso foi fundamental para não atrasar os salários, que frequentemente estavam atrasando, mas a empresa precisa fazer sua parte.” Como assim!?
O salário continua atrasado, a quinzena e pago até o dia 4 do mês seguinte, o salário e pago até o 5° dia útil se der , isso se não for segunda pois lá não é pago nada nesse dia! Alimentação!? Recebemos o do mês anterior, tá sempre um para trás, esse mês, foi dado o de abril!!!
Sem falar no FGTS, isso não é pago desde 2014 , quando foi trocado a administração!
Falta de diesel, não , peças e boa administração é isso quê falta na sogal!!?