Segundo o entendimento do vereador Emílio, o vereador Ezequiel teria feito uma acusação grave contra todos os vereadores da cidade em um áudio que possui o seguinte teor: “A gente sabe quais são os motivos, só que eu digo para vocês um negócio muito claro aqui, que a gente sabe de coisas que ninguém sabe que a gente sabe, tá ligado? Os caras vêm para cima de nós. Se o dia em que a gente abrir a boca, eu vou ter que sumir do mapa, senão amanhã não estou aqui, mas cai a casa de todo mundo. Sabe, os caras pedem cassação para mim, articulam para eu cair, achando que ele está apegado ao cargo, agora a gente vai acabar com ele. Se eu for cassado, aí fica claro a perseguição política, claramente perseguição política. A gente vai continuar trabalhando.”

O vereador Emílio ocupou a Tribuna e afirmou que houve uma reunião com o vereador Ezequiel, na qual os vereadores cobravam explicações e que Ezequiel deveria se manifestar na Tribuna acerca do áudio.

De acordo com Emílio, o vereador Ezequiel não negou a autenticidade do áudio, mas teria mencionado que em nenhum momento disse a palavra “vereadores” e que apenas afirmou que “se não serviu o chapéu, ok”.

Emílio desafiou Ezequiel a revelar o que sabia sobre ele e alertou que, se o vereador tem conhecimento de algum crime e não o denuncia, estaria cometendo um crime de prevaricação.

O áudio repercutiu, inclusive, no partido do vereador Ezequiel. Segundo o jornalista Jaime Maldini, do Chama Canoas, o deputado Bibo Nunes afirmou: “Quando um parlamentar diz que, se abrir a boca, o mundo vai acabar, ele tem que falar, porque, se não fala, não é parlamentar. Ele tem uma função pública. Se disse que há a hipótese de ‘cair a casa’ e ‘cair todo mundo’, então que diga por que a casa vai cair e com quem ela vai cair. É o mínimo que se espera: prestar contas à população e dizer quem é quem. Gerar dúvida e incerteza não leva a nada”.

Cinco perguntas foram enviadas ao vereador Ezequiel, que foram as seguintes:

1. Vereador Ezequiel, o que o senhor quis dizer no áudio reproduzido pelo vereador Emílio na Tribuna hoje?
2. O que o senhor disse sobre o teor do áudio na reunião realizada com os vereadores?
3. Quem eram os vereadores que participaram da reunião com o senhor para verificar essa situação?
4. O vereador Emílio referiu que seriam tomadas providências caso o senhor não esclarecesse, de forma pública, o teor do áudio, o que não aconteceu. Quais as medidas que o senhor imagina que os vereadores pretendem adotar e como o senhor imagina que repercutiu entre seus colegas sua postura?

O vereador Ezequiel respondeu:

“Eu só quero ressaltar que há claramente uma perseguição por parte do vereador Emílio desde a primeira sessão. Semana após semana, ele tenta minar os vereadores da casa de forma leviana. Enquanto trabalho, ele vive cuidando da minha vida e das minhas redes sociais. Nada mais. Sobre o áudio, em momento algum falo ‘vereadores’. Isso deixa claro a vontade incessante de querer manipular os pares.”

Perguntas no mesmo teor foram enviadas ao vereador Emílio, e seguem abaixo as perguntas e respostas do vereador:

1. Vereador Emílio, o que o senhor entendeu sobre o teor do áudio do vereador Ezequiel?
Entendo, pelo contexto, que ele acusou todos os vereadores de práticas ilegais. O vereador Ezequiel não deu margem para nenhuma interpretação diferente.

2. O que o vereador Ezequiel disse sobre o teor do áudio na reunião realizada com ele?
Ele não negou a autenticidade e se limitou a dizer que não usou a palavra “vereadores” e que “se não serviu o chapéu, ok”.

3. Quem eram os vereadores que participaram da reunião com o vereador Ezequiel para verificar essa situação?
Todos os vereadores participaram da reunião e foi sugerido que o Vereador Ezequiel explicasse seu áudio na Tribuna para que não pairasse dúvidas acerca da idoneidade dos parlamentares, mas ele se recusou.

4. O senhor referiu que seriam tomadas providências caso o vereador Ezequiel não esclarecesse, de forma pública, o teor do áudio, o que não aconteceu. Quais as medidas que se pretende adotar e como repercutiu entre os seus colegas a postura do Vereador Ezequiel?
O vereador Ezequiel já está tendo o seu decoro analisado pelos colegas do Legislativo, acredito que mais essa ato seja parte de um somatório de fatores que indicam que o vereador não se mostra apto ao exercício do cargo. Evidentemente que a repercussão foi a pior possível para ele, que foi desafiado a provar o que diz ou esclarecer e ele apenas se calou.

OPINIÃO

Como colunista de opinião, sinto que é meu dever me posicionar claramente. Embora eu acredite que a Câmara deve priorizar a fiscalização de questões mais sérias e históricas de corrupção, não posso ignorar que o vereador Ezequiel está buscando, de forma exaustiva, a atenção que está recebendo.

Além disso, as declarações infelizes de Ezequiel o colocam em uma situação delicada, em um julgamento que pode resultar na cassação de seu mandato. Na minha visão, ele parece estar blefando com um discurso político que, na verdade, pode apenas comprometer ainda mais sua posição.

Não vejo como algum vereador votaria pela absolvição de Ezequiel sem ficar sob a suspeita de conivência, uma desconfiança que, curiosamente, ele mesmo alimenta com o áudio que gerou toda essa polêmica.

Ademais, não concordo com o teor do áudio. Embora Ezequiel afirme que não usou a palavra “vereadores”, o contexto sugere essa interpretação, e como ele não apresentou um outro contexto, fica difícil ver de outra forma.

Particularmente, não acredito que todos os vereadores sejam corruptos, nem que Ezequiel tenha provas contra todos os seus colegas em tão pouco tempo de mandato. Se ele conseguir realizar algo que faça o jornalista Grizzotti sentir inveja, eu, sem dúvida, faria campanha em praça pública para que Ezequiel se tornasse Presidente da República. No entanto, estou convencido de que ele não tem nada a apresentar e que perderá seu cargo no julgamento político, que possui solenidade aprazada para o dia 7 de julho.

VEJA A FALA DO VEREADOR EMÍLIO NA CÂMARA