ENCHENTES EM CANOAS | As mães alagadas merecem respeito e empatia

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Já falei em outros artigos, sou um filho das enchentes, meu pai Seu Vilmar era militar e designado para as capitanias que guardavam as fronteiras do Brasil com o Uruguai e a Argentina. Seu relacionamento com minha mãe, dona Ione, começou no interior de Uruguaiana, mais precisamente na Barra do Quaraí. Desta relação, resultaram seis filhos, dois em cada localidade onde existiam as tais capitanias fronteiriças.

Das tempestades que me lembro, uma eu era muito criança ainda, mas a mãe conta que ficou vários dias conosco em baixo de uma lona dentro de um banheiro, a única coisa que restou da casa após uma tormenta de vento e chuva. Minha mãe é uma heroína das enchentes e, ela, enfrentou muitas. Lembro bem, a mãe era quase uma enfermeira das enchentes dos ribeirinhos em Uruguaiana. Dona Ione, recordo bem, era a única que dava injeção nas pessoas no lugar onde vivíamos. Aquelas agulhas amedrontadoras de metal, que eram fervidas em latinha de metal para esterilizar a cada aplicação, chego me arrepiar quando penso, tomei muitas.

ENCHENTE E AS MÃES DE CANOAS

Mas é sobre as mães de nossa enchente que quero falar, das desafortunadas que tudo perderam. E, ainda tem suas perdas expostas em redes sociais desrespeitosamente, essas mães merecem respeito e empatia.

Muitas delas são muito mais fortes do que imaginamos, elas estão na linha de frente procurando seus filhos e, mesmo assim, param a todo momento para ajudar quem está em abrigos ou casas de amigos e parentes. Todos deveríamos pouco da cada uma dessas mães, realmente, não sei de onde tiram tanta força, sinto-me um micuim perto do tamanho delas.

A falta de humanidade com as mães de uma tragédia é um reflexo da insensibilidade, da crueldade e da falta de empatia por parte de indivíduos ou grupos diante do sofrimento alheio. Deveriam saber os impactos causados, principalmente, em situações de tragédias, desastres ou eventos traumáticos, as mães muitas vezes são impactadas de forma intensa e profunda, enfrentando perdas, dor emocional e desafios significativos.

Antes de publicar algo, pense, quantas mães que estão passando por uma situação de tragédia são tratadas com falta de humanidade. Devemos expor, sim, compaixão e apoio.

A guerra de egos, que pouco respeita, deveria tomar consciência que a falta de empatia pode resultar em desrespeito à dor e ao luto das mães, invalidando suas emoções e minimizando sua experiência de perda.

Chegamos em um ponto que o sensacionalismo se sobrepôs, em alguns casos, ao respeito ao próximo, casos que deveriam ser respeitados e pensando nas pessoas, que são expostas de maneira irresponsável.

Para que isso?

Talvez, para lucrar com uma tragédia terrível, sem considerar o impacto social que isso pode causar.

A sociedade deveria, e a grande maioria acho que está, prestar apoio, assistência e solidariedade e não deixar as mães em uma situação de desamparo e isolamento, agravando seu sofrimento.

Diante da falta de humanidade de alguns com as mães de uma tragédia, devemos promover a empatia, a compaixão e a solidariedade como valores essenciais para lidar com o sofrimento alheio. Oferecer apoio, respeito e compreensão às mães que enfrentam situações traumáticas.

É fundamental para promover o acolhimento, a recuperação e o bem-estar emocional dessas pessoas em momentos tão difíceis. Assim como minha, aquela que falei acima, que hoje com 88 anos, está acolhendo gente dentro de seu apartamento, pensando no bem maior.

AS MÃES DA ENCHENTE TÊM MEU RESPEITO E EMPATIA.

 Reflexão do dia:

Quando uma mãe perde um filho, todas as mães perdem um pouco também…

… pensem nisso!

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