“Esse programa transformou as nossas vidas e vai ficar marcado em nossas memórias. Sem o auxílio do Recupera Indústria RS, hoje nós não teríamos condições de retomar a operação das máquinas e nem de manter a empresa funcionando. Estamos muito agradecidos ao Senai, à Fiergs, à ABDI e ao senhor Ricardo Cappelli, que esteve aqui e visitou a fábrica pessoalmente duas vezes”, diz agradecida dona Dulce Brenner, sócia-proprietária da ABL Plásticos, destacando o contato que estabeleceu com o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI (foto).
Dulce é uma das donas de uma indústria familiar que fabrica sacos plásticos em Canoas, no Rio Grande do Sul (RS), e foi beneficiada pelo Recupera Indústria RS. O parque fabril da ABL Plásticos foi tomado pelas enchentes de abril e maio de 2024, ocasionadas pelo excessivo volume de água das chuvas. As máquinas ficaram submersas. Consequentemente, pararam de funcionar.
Até o fim de janeiro deste ano, exatamente 726 equipamentos industriais, de pelo menos 100 empresas do RS, voltaram a operar com o apoio do convênio de cooperação técnica assinado em julho do ano passado pela ABDI, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RS) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Foram reparadas uma média de sete máquinas industriais, entre estacionárias e não estacionárias, por empresa. As estacionárias são fixas em um local específico dentro da fábrica ou linha de produção e normalmente são ancoradas para garantir estabilidade, como tornos, prensas e esteiras transportadoras. As não estacionárias são móveis e podem ser transportadas para diferentes locais, conforme necessário, como empilhadeiras, compressores móveis e ferramentas elétricas manuais.
Com o objetivo de reabilitar o maquinário de micro, pequenas e médias empresas industriais gaúchas gravemente atingidas pelas enchentes, o convênio viabilizou o aporte de R$ 9,4 milhões. O repasse está associado ao programa Recupera Indústria RS e contou com o encaminhamento de R$ 8,5 milhões da ABDI para o Senai-RS, o executor do acordo, ao qual coube a contrapartida de R$ 945 mil.
O valor concedido pela Agência foi destinado à aquisição de peças e componentes de manutenção corretiva das máquinas industriais e ao pagamento de mão de obra técnica terceirizada.
A Della Nonna, indústria alimentícia que tem como carro-chefe a Batata Palha Della Nonna e que, em 2025, completa 40 anos, também recebeu apoio do programa e recuperou uma câmara fria de armazenamento de 20 toneladas. Foram reparados os motores, os painéis de controle e toda a parte elétrica do equipamento.
Localizada próxima ao aeroporto de Porto Alegre (RS), no bairro Navegantes, o parque fabril da empresa ficou submerso em mais de dois metros de água misturada com esgoto, produtos químicos e combustível. Isso porque a empresa está próxima ao Rio Guaíba, a estabelecimentos como postos de gasolina e indústria de produtos químicos.
“O volume de água foi tão intenso que ela entrou por baixo, parte pelos diques que se romperam e parte pela tubulação de esgoto. A força da água levantou o chão da fábrica, que eram feitos com placas de isopor, e a câmara se partiu e abriu toda. Perdemos toda a mercadoria que tinha nela mais a câmara”, explica o sócio-proprietário Sérgio Sbabo.
“Foi muito difícil o que passamos e hoje só agradeço por minha empresa estar funcionando. Ficamos o mês de maio todo sem conseguir acesso à empresa e somente em setembro do ano passado voltamos a funcionar timidamente. O apoio do programa significou a minha sobrevivência, porque não teríamos condições de comprar uma câmara nova e ela foi perfeitamente restaurada”, conta Sergio.
Do parque fabril da empresa da dona Dulce foram recuperadas duas máquinas de corte e soldas de alta produtividade e reformadas as máquinas extrusoras (responsáveis por produzir moldes), bem como todos os componentes de eletroeletrônicos.
“Hoje, nossa capacidade produtiva é de mil quilos de sacos de lixo por mês, e a cada mês avançamos um pouco mais no volume de vendas e de clientes, como em uma escala progressiva. Até o momento, já conseguimos retomar 70% das vendas em relação ao período antes das enchentes”, completa dona Dulce.
“Após seis meses, estive novamente na empresa da dona Dulce e não tem preço ver de perto a alegria e a satisfação dela e da família por terem tido a oportunidade de retomar o próprio negócio. A ABDI tem a missão de apoiar o Governo Federal na realização de projetos que impulsionem o desenvolvimento do setor produtivo nacional, apoiando dos grandes aos pequenos negócios. Nosso sentimento aqui é de dever cumprido”, destaca o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli.
O convênio entre as instituições estabeleceu a meta de atender pelo menos 100 empresas com o investimento de R$ 85 mil para a execução do Plano de Ação Individual (PAI) de cada negócio. A metodologia PAI foi desenvolvida por pacotes de trabalho padronizados para a restauração do funcionamento mínimo de cada empreendimento a partir de avaliações técnicas e manutenções corretivas das máquinas.
A ideia é que as ações do Recupera Indústria RS tenham continuidade. Neste momento, está sendo estruturado o próximo plano de ação para o programa. “Estamos avaliando a possibilidade de iniciar um novo ciclo dessa parceria entre ABDI, Senai e Fiergs para expandir as iniciativas de reestabelecimento da indústria gaúcha”, comenta a analista de Produtividade e Inovação da ABDI Claudia Alves.
Recupera Indústria RS
O convênio assinado pela ABDI foi um importante auxílio ao Recupera Indústria RS, iniciativa do Sistema Fiergs e de sindicatos industriais engajados no restabelecimento das empresas do estado. Com execução do Senai-RS, o programa promove a recuperação de equipamentos, a qualificação profissional e a facilitação de contratação de novos talentos pelas empresas atingidas pelas enchentes.
A iniciativa tem como alvo o reerguimento de 10 mil estabelecimentos industriais de todo o RS e cumpriu cinco etapas: cadastro e autoavaliação, seleção, diagnóstico, execução e avaliação dos resultados.
“Estamos concluindo a quarta etapa do programa e em breve divulgaremos os resultados finais”, acrescentou Claudia.
Sobre a ABDI
A ABDI formula e executa ações que contribuem para o desenvolvimento do setor produtivo nacional. Sua missão é promover a transformação digital dos negócios por meio do estímulo à adoção e à difusão de tecnologias, a novos modelos de negócios e à política de neoindustrialização, com atenção especial à economia sustentável e à indústria verde.
A Agência atua na interface entre governo e empresas para qualificar políticas públicas e ações estratégicas voltadas ao aumento da competitividade e da produtividade da economia brasileira frente aos desafios da era digital.