Gente tem um sabiá que me acordou às 3h25min, o bicho está que é um tenor, não para de cantar. Pensei, deve ser o assassino de Odete Roitman, temos muitos suspeitos e eu elegi o sabiá mais um.

Quem não gosta da Globo, que me perdoe. Sou noveleiro e, se for novelão, sou viciado em ver. O melhor é que em 1988, quando a primeira versão foi ao ar, eu estava em outra “wibe” e não lembro quase nada. Lembro dos Irmãos Coragem, de 1970, eu tinha 8 anos e ouvi no rádio com minha mãe em Uruguaiana, minha terra natal.

Então Vale Tudo não é, digamos, uma reprise para mim. Tudo é novidade e o produto é bom. Ele mostra a maldade e a corrupção escancaradamente, como a gente vê na política todos os dias nas notícias. Em Vale Tudo o jogo da política tem muitas semelhanças com o modo de agir dá, agora, falecida Odete Roitman.

A direção da reprise tomou o cuidado de eleger alguns suspeitos, na nova adaptação da novela, a autora Manuela Dias manteve o suspense no ar, gravando 10 finais diferentes e mantendo o segredo até dos próprios atores. Os cinco principais suspeitos com fortes motivações e que circularam perto do hotel na hora do crime são: Heleninha Roitman (Filha), Celina (Irmã), Marco Aurélio, César e Maria de Fátima.

Vale Tudo é o espelho de uma sociedade onde a novela da corrupção saiu dos limites e os salvadores são falsos profetas. De fato, a morte de Odete está no centro de uma teia de ambição, corrupção, traição e falsas aparências, tornando praticamente qualquer personagem com acesso à vilã um potencial assassino.

Essa é a grande questão que movimenta a trama de Vale Tudo.

A morte de Odete Roitman é o mistério central, e domina todos os comentários, o Brasil parou para ver, tanto agora como na versão anterior. Confesso que achei a cena bem fraquinha, a do passado foi melhor. Mas o clima criado em torno do assassinato gerou só em comerciais para a Globo, durante o capítulo de ontem, R$ 290 milhões, a sujeira vende bem né?

Agora é aguardar, na versão de 2025, o suspense só será revelado no último capítulo, mas a lista de suspeitos mostra que, em um mundo de corrupção, todos tinham um motivo para desejar a queda da grande vilã. Resta saber qual deles agiu, ou se a verdade será ainda mais surpreendente.

Na versão de 1988, a assassina de Odete Roitman foi a Leila, um crime que ficou como um dos principais mistérios da teledramaturgia brasileira. A personagem, que representava uma mulher da classe média ambiciosa e sem escrúpulos, fugiu do país ao final da novela com Marco Aurélio. Mostrando, já naquele tempo, que a corrupção é vitoriosa vilã.

Para Odete Roitman sobrou a fama e a lembrança de seu assassinato.

Mas será que a Cássia “Kiss”?