A iniciativa partiu dos vereadores Eric Douglas e Juares Hoy, que destacaram o caráter público e transparente do trabalho social desempenhado por Caco

A Câmara Municipal de Canoas realizou, na manhã desta quinta-feira (12), um Grande Expediente para receber o senhor Everton Duarte Alfonsin, mais conhecido como Caco, presidente da Casa de Acolhida Raio de Sol, da Ação Social Santa Isabel e do Lar da Velhice São José. Em plenário lotado, vereadores, convidados e representantes das entidades assistiram a uma prestação de contas detalhada do trabalho conduzido por Caco à frente das instituições que compõem a chamada Companhia do Caco.

A iniciativa partiu dos vereadores Eric Douglas (União Brasil) e Juares Hoy (Progressistas), que destacaram o caráter público e transparente do trabalho social desempenhado por Caco, sobretudo em momentos de emergência, como as enchentes que atingiram Canoas em 2024. “A decência da tua relação com a sociedade nos enche de orgulho”, resumiu Hoy, ao frisar que o convite à tribuna era, mais do que uma homenagem, um gesto de reconhecimento à atuação social de Caco e sua equipe. Durante o discurso, Eric relembrou a visita que fez à Santa Isabel durante a última prestação de contas, ocasião em que reforçou o pedido para que “Deus mande mais pessoas como vocês para a nossa cidade”. “É esse tipo de trabalho sério e digno que nos inspira a recomeçar”, afirmou.

Compuseram a mesa a gerente-geral da Ação Social Santa Isabel, Priscila Pereira, e o próprio Caco. Nas cadeiras reservadas, acompanharam o Grande Expediente: Renata Bonoto, subgerente do abrigo Asa de São Miguel; Maria da Graça Vargas, subgerente do Raio de Sol; Maria Eduarda Machado, supervisora do Lar São José; Márcia Souza, subgerente das três unidades; o coronel da reserva Márcio Gonçalves, os advogados da instituição Dr. Jorge Uequed e Dra. Gisele Uequed, o gerente das Lojas Benoit, César Kasara e Bruna Souza, do setor financeiro da Santa Isabel.

Ao iniciar sua fala, Caco agradeceu aos vereadores pelo espaço e dedicou a apresentação aos colaboradores. “Não existe o Caco sem vocês. Aqui tem gente comigo há mais de 30 anos. Tudo o que construímos é coletivo”, destacou. Caco fez questão de pontuar que abriu mão de seu patrimônio pessoal, repassando os bens à Santa Isabel. “Hoje não tenho nada em meu nome. Tudo pertence à instituição. Sou voluntário e motorista, literalmente”, disse, antes de apresentar uma retrospectiva minuciosa da atuação das três casas mantidas pela companhia.

Entre dados e fotos projetadas no telão do plenário, Caco apresentou números da prestação de contas de 2023 e do primeiro semestre de 2024. A instituição mantém 63 crianças acolhidas e 46 idosos, dos quais 13 sem vínculos familiares e mantidos integralmente pela entidade. Durante as enchentes do ano passado, a organização mobilizou mais de R$ 1,1 milhão em recursos, prestou auxílio direto a 206 famílias e distribuiu 15 mil kits de alimentação, além de eletrodomésticos, colchões, roupas, brinquedos e mobiliário completo. Em janeiro, a Receita Federal conferiu à Santa Isabel o reconhecimento de entidade de excelência na gestão documental e contábil, o que, segundo Caco, “é resultado de uma política de não aceitar doações em dinheiro, apenas em insumos e produtos”. A lógica, segundo ele, é “eternizar a solidariedade”.

Diferente de outras instituições do tipo, os abrigos geridos pela Companhia do Caco funcionam com estrutura de empresa. “Não somos depósito de gente. Cada espaço tem gestão profissional, 100% dos colaboradores são CLT e capacitados. Com três casas em funcionamento, Santa Isabel, Raio de Sol e Asa de São Miguel, a organização mantém ainda parcerias com universidades, TV interativa própria e um rígido controle biométrico de presença. Foram instaladas 150 câmeras de segurança nas unidades com autorização judicial.

A organização conta também com frotas adaptadas, energia solar em todas as unidades e um sistema próprio de checagem emocional dos funcionários. “Quando um colaborador chega triste ou indisposto, nós respeitamos. Se tiver problema, eu resolvo”, pontuou Caco. Além do trabalho cotidiano, a Santa Isabel é conhecida por articular campanhas massivas de arrecadação em eventos com artistas nacionais. “No último show do Jorge & Mateus, recolhemos 31 toneladas de alimentos”, exemplificou Caco. A entidade também atua com projetos internos, como o Proerd exclusivo para crianças dos abrigos e uma ação educativa em presídios, autorizada judicialmente, para mostrar aos jovens as consequências do crime.

Durante a fala, Caco destacou os prêmios e reconhecimentos recebidos, entre eles a Medalha Tiradentes da Polícia Civil e o Troféu de Segurança Pública de 2024. Também mencionou a atuação como diretor da Federação Gaúcha de Automobilismo, piloto certificado e instrutor de direção evasiva, áreas que auxiliam no financiamento das ações sociais por meio de contrapartidas institucionais. Ao encerrar, recebeu uma placa de reconhecimento da Câmara e o aplauso dos presentes. “Esse é o exemplo de um cidadão que representa Canoas pelo trabalho que faz e não pelo que diz que vai fazer”, sintetizou o vereador Juares Hoy.

Câmara de Canoas abre espaço para apresentação da ONG N. Queiroz Paraíso Equoterapia

A Câmara Municipal de Canoas realizou, nesta quinta-feira (12), um Grande Expediente, de autoria do vereador Heider Couto (PL), para que representantes da ONG Queiroz Paraíso Equoterapia apresentassem as atividades desenvolvidas na cidade. A entidade realiza atendimentos gratuitos por meio da equoterapia, com foco em pessoas com deficiência e famílias em situação de vulnerabilidade social.

Durante sua fala na tribuna, Heider ressaltou a relevância do projeto, que une saúde, educação e inclusão. “Subo a esta tribuna para dar voz a uma causa que representa o que há de mais nobre no serviço público: o cuidado com o próximo, o acolhimento das famílias atípicas e a inclusão das pessoas com deficiência”, afirmou. O vereador também anunciou o repasse de R$ 200 mil em emendas parlamentares, oriundas do deputado federal Giovani Cherini (PL), destinadas à continuidade e expansão da ONG.

Fundada em 2022, a partir do resgate de um cavalo em situação de abandono, a ONG surgiu da iniciativa de Anderson Cleber Koch, presidente da entidade. A primeira sessão de equoterapia foi realizada no mesmo ano, marcando o início dos atendimentos voluntários a crianças e adultos com diferentes tipos de deficiência. As enchentes de maio de 2024 causaram perdas significativas à estrutura do projeto, interrompendo os atendimentos. Ainda assim, a reconstrução foi possível graças à parceria com o fisioterapeuta Ruberns Severo Souza, atual vice-presidente da ONG e responsável técnico pelas sessões terapêuticas. Em fevereiro de 2025, a Queiroz Paraíso Equoterapia obteve registro oficial como organização sem fins lucrativos, passando a operar com CNPJ próprio e apta a formalizar convênios com o poder público.

Em sua explanação, Rubens destacou que a equoterapia é reconhecida por lei desde 2019 e envolve uma abordagem multidisciplinar. “Hoje, a equipe mínima precisa contar com fisioterapeuta, psicólogo e instrutor de equitação. Mas nosso trabalho vai além: atendemos desde crianças com paralisia cerebral, autismo e TDAH, até adultos em processo de reabilitação física e emocional”, explicou. O fisioterapeuta também pontuou o impacto educacional da prática. “Quando a criança assume as rédeas do cavalo, ela assume também o protagonismo da própria evolução. Isso reflete na autoestima, na coordenação e na autonomia social e escolar.”

Com mais de 30 famílias atendidas gratuitamente em Canoas, a ONG agora busca ampliar sua atuação. “Canoas tem posição estratégica na região metropolitana. Com o apoio institucional que estamos recebendo, o nosso objetivo é estruturar um centro de referência em equoterapia na cidade”, destacou Rubens.

Fotos: Gian Nunes