A maria-mole é um doce típico brasileiro feito com açúcar, claras em neve e gelatina incolor. Pode–se também usar o coco ralado para a cobertura. Reencontrei esse doce em um passeio na época das festas juninas, quando ele é muito consumido nas celebrações de nossa cultura popular.
A maria-mole foi criada em São Paulo, por Antonio Bergamo. Ele, um descendente de italianos, pensou nisso na tentativa de aproveitar as claras de ovos, com o que conseguiu um “suspiro” e resolveu acrescentar gelatina à receita. Em seus testes, notou que o doce, mesmo esfriando, não endureceu. Daí surgiu o nome de maria-mole.
Esse doce tem muito a ver com a minha caminhada de recuperação do comportamento.
Quem olha ou come uma maria-mole, em um primeiro momento, não sente prazer nenhum. É preciso saboreá-la para gostar. Mastigar com calma, lentamente, para que se possa extrair o sabor do coco e a textura da gelatina.
Em recuperação é assim mesmo. Muitas vezes, a vida parece não ter gosto de nada, as coisas parecem não dar certo, e os objetivos parecem que não serão atingidos. É preciso paciência e perseverança para “pegar gosto” por uma vida sem álcool e sem drogas. A maria-mole da recuperação precisa ser degustada com calma. Mas, como todos sabem, um adicto não tem paciência para atingir seus propósitos. Isso gera intranquilidade e, assim, ele não consegue atingir a parte mais doce da caminhada de recuperação.
Durante muito tempo, minha vida esteve no início da maria-mole. Eu não tinha paciência, nem ousadia para chegar à doce paz de saborear a parte boa da minha caminhada.
Hoje, parece que as coisas estão mais calmas e tenho a coragem de mudar e a paciência necessária para chegar aos meus objetivos. Graças a Deus, tenho conseguido isso sem perder o foco de uma vida correta.
Como uma maria-mole bem mastigada, consegui pegar gosto pelas coisas de recuperação. Tirar as lições de um simples doce a ser degustado é uma grata surpresa, pois é assim mesmo. É das pequenas coisas que tiro as lições de uma vida melhor para mim e para os que me rodeiam.
O gosto vai depender de como eu preparo minha expectativa. Se decidir que vou gostar, é o que vou fazer. Essa é uma decisão que tomo diariamente quando acordo.
Espero que, pelo resto de minha vida, tenham marias-moles. E que, se Deus permitir, eu tenha a paciência necessária para degustar a doçura de uma vida em recuperação.
IMPORTANTE
Este é um dos muitos textos sobre recuperação da dependência química e do álcool que escrevi durante os 20 anos de minha caminhada rumo a sonhada sobriedade. Não sei se alcançarei, sobriedade é muito mais que parar com o uso do álcool e das drogas, mas estou no caminho certo. O projeto é um livro, ele vai sair, se possível, lançado na Feira do Livro de Canoas ainda este ano.
Por enquanto, todos os finais de semana irei colocar um dos textos em nosso site, se ajudar alguém que estiver procurando ajuda, já estarei gratificado.
BOM DIA PARA TODOS!
Uma Resposta
Forte Abraço amigo Marco Leite.
Avante e Deus Abençoe sempre 🙏🏼
Aguardando pelo seu Livro 📔
Felicidades mil pra tu ❤️