Hoje, trazemos mais um dos tantos textos que estarão inseridos em nosso livro, a ser lançado na Feira do Livro de Canoas em outubro de 2025. O tema trata do momento da passagem de minha irmã Marione Leite e as últimas lições que ele me deixou, leia:

Uma das maiores alegrias de minha vida, minha irmã Marione estava junto. Foi em 2006, quando ganhei meu diploma de “Borracho Arrependido”, não existe maior honraria que um guerreiro vencer a si mesmo.

Uma vida passada a limpo

Uma vida em recuperação do comportamento é um constante conflito entre o bem e o mal, é pura autovigia. Como me tornei um dependente de álcool e drogas, não posso me dar ao luxo de tirar férias em recuperação.

Um recuperando do comportamento se alimenta de sua caminhada, é como se fosse vital. Sem isso, o desleixo e a falta de objetivos começam a tomar conta. Ter uma vida íntegra é obrigatório. O recuperando deve passar o tempo fazendo coisas que se equiparem às intenções mais elevadas e não se deixar abater pelas decepções, sejam elas quais forem. O foco é a abstinência, sempre.

Deixar de fazer coisas que levem a renunciar à causa da recuperação é uma delas. Prefiro ficar só e em paz do que estar saindo de meus objetivos. Já vi gente feliz e em paz em prisões ou em instituições.

Uma das coisas mais maravilhosas que presenciei foi na passagem de minha irmã Marione Leite em um hospital, em 2010. Mesmo sabendo que estava desenganada, jamais deixou de brincar e distribuir felicidade para quem estava junto dela. Isso é pureza de espírito. A Mari sabia que estava indo embora, mas tinha a certeza que havia cumprido sua missão por aqui com dignidade.

Não vou, nem quero atingir esse nível de minha falecida irmã. Até porque minha situação é outra e sou outra pessoa. Estou em um momento crucial de minha caminhada e cabe decidir o que devo fazer. Tenho fé em Deus que a decisão será a mais acertada. Sem medo do momento, cabe ir adiante e passar por momentos de infelicidade. Eles contribuem para o meu crescimento como pessoa.

Quando chegar o meu momento, assim como chegou o de minha irmã, quero ir feliz e com a certeza do dever cumprido. E isso não é para ninguém me elogiar, é para comigo mesmo. Deve ter sido muito prazeroso para a Mari partir olhando para trás e poder agradecer a vida que teve. Quero o mesmo para mim. Isso se chama conquista da espiritualidade, o que nada mais é, do que a tão sonhada sobriedade.

“Não julgue. A todo instante, dê glória à Deus”. Era assim que a Mari dizia.

Tenho certeza que a Mari estava comigo nas duas honrarias que ganhei em Canoas, o Troféu de destaque do Ano e a Medalha Pinto Bandeira, o principal reconhecimento que a cidade oferece a um cidadão por seus serviços prestados em prol do bem da comunidade.

IMPORTANTE

Este é um dos muitos textos sobre recuperação da dependência química e do álcool que escrevi durante os 20 anos de minha caminhada rumo a sonhada sobriedade. Não sei se alcançarei, sobriedade é muito mais que parar com o uso do álcool e das drogas, mas estou no caminho certo. O projeto é um livro, ele vai sair, se possível, lançado na Feira do Livro de Canoas ainda este ano.

Por enquanto, todos os finais de semana irei colocar um dos textos em nosso site, se ajudar alguém que estiver procurando ajuda, já estarei gratificado.

BOM DIA PARA TODOS!