ENCHENTES EM CANOAS | Catástrofe climática pode provocar o segundo êxodo da história de Canoas

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Retornamos ao ano de 1979, a Companhia Habitação do Estado (COHAB) um executor do Banco Nacional de Habitação (BNH) aprovou, junto ao município de Canoas, o Projeto Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti, o qual previa a construção de 30 mil unidades residenciais. Houve diversos problemas com a administração e o desenvolvimento do Conjunto Habitacional, mas, ainda assim, foram construídas 5.974 unidades residenciais, dentre casas e apartamentos. Devido os problemas econômicos nacionais, da década de 1980, as residências não foram repassadas e/ou vendidas, ocasionando um abandono do conjunto habitacional e, em decorrência, os movimentos de ocupação urbanos da época.

O FATO DESENCADEOU O PRIMEIRO DA CIDADE DE CANOAS

A ocupação do bairro Guajuviras, que fica localizado no eixo nordeste da cidade, ocorreu no dia 17 de abril de 1987, teve a participação 90 mil pessoas que lutavam por um espaço para morar com adequação e que gerou um grande impacto ambiental, pela falta de saneamento básico, falta de água, luz e acúmulo de resíduos sólidos, entre outros. O bairro Guajuviras, hoje, conta com uma população estimada em quase 50 mil habitantes, isso sem contar os inúmeros bairros que surgiram desde a ocupação.

Estamos mostrando aqui, um resumo da história e os fatores que corroboraram para a transformação e o desenvolvimento do Conjunto Habitacional Ildo Meneghetti com o surgimento do bairro Guajuviras, o nosso grande êxodo.

E AGORA, PARA ONDE IRÁ A POPULAÇÃO DO LADO OESTE DA CIDADE, SERÁ O SEGUNDO ÊXODO?

Todos sabem que a grande maioria dos ocupantes do bairro Guajuviras, em 1987, eram da grande Mathias Velho, hoje tomada pelas águas da enchente histórica. O lado oeste da cidade deu origem ao “Guaju”, como é carinhosamente chamado pela população de Canoas.

E agora, será o Guajuviras novamente o grande eldorado para população alagada?

Essa pergunta ficará a cargo das autoridades, o prefeito Jairo Jorge disse em entrevistas que, “reconstruir a cidade será a sua missão”. Mas a população, após às águas baixarem, terá pressa, e o governo terá a mesma agilidade?

O êxodo acontecerá, as pessoas ficarão com medo de retornar para suas casas, outras perderam tudo e serão forçadas a deixar seus lares em busca de segurança, abrigo e recursos básicos para sobrevirem. Nesse primeiro momento, o êxodo já ocorreu para as partes secas de Canoas, mas ele será apenas temporário?

O governo deverá pensar em reconstruir, dependendo da gravidade dos danos causados, novos lares para a população atingida pela catástrofe que nos assolou.

Em um primeiro momento de um êxodo, que está ocorrendo, foi o deslocamento de emergência, quando pessoas deixaram suas casas às pressas, sem tempo para planejar ou preparar adequadamente para uma mudança. A evacuação em massa, mesmo desordenada, aconteceu.

Agora vem o impacto nas populações vulneráveis, nossa catástrofe climática atingiu muita gente, mas, principalmente as populações mais carentes, como crianças, idosos, pessoas com deficiência e comunidades de baixa renda, que podem ter mais dificuldade em se recuperar e reconstruir suas vidas após o desastre.

O governo precisa pensar, o êxodo causará um sobrecarga de infraestrutura e recursos, será preciso, também, atenção com as regiões para onde as pessoas se deslocam, com um olhar aos desafios adicionais para abrigar, alimentar e prover assistência às vítimas.

Os desafios, e não serão poucos, do êxodo de nossa catástrofe climática, são de como acomodar tanta gente em tão pouco tempo, dar atenção para os que pretendem ficar e reconstruir suas vidas no local que foi alagado, pois, mesmo com o medo do futuro eles não têm outra opção.

É preciso estar atento para outros lugares onde aconteceram esses infortúnios e tirar exemplo de como se reconstruir. Aprender com os próprios erros e não os repetir. Precisaremos, com urgência, achar soluções.

São mais de 180 mil pessoas sem ter aonde ir e sem perspectivas de terem onde ficar, para eles só restou a ESPERANÇA. Mas temos que enfrentar desafios legais, sociais e políticos para encontrar abrigo e proteção em outros horizontes de Canoas.

Olha o quanto agredimos e transgredimos a lei natural das coisas, uma cidade cheia de invasões, e sem estrutura para enfrentar o nosso novo hoje.

Não nos preparamos, infelizmente!

Para nós, cabe adaptação às mudanças climáticas, fortalecer a resiliência das comunidades e prestar solidariedade. A mitigação das mudanças climáticas e o investimento em medidas de adaptação e prevenção são fundamentais para reduzir o número de pessoas afetadas por desastres climáticos e garantir a segurança e o bem-estar das populações vulneráveis, assim como aconteceu em Canoas.

 

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