Por | *Dioni Vieira
Quando morre algum animal na savana africana logo surgem os carniceiros, Abutres, Urubus, Hienas e Corvos, no início ficam de longe voando alto ou sentados à sombra como se quisessem ter certeza da morte do animal, lentamente vão se aproximando até começarem uma batalha pelos despojos putrefatos, os mais fortes abocanham nacos maiores, os menores ficam com as sobras, entre eles existe uma espécie de hierarquia, quem pode mais, come mais, gradualmente a carniça vai sumindo, quando não há mais quase nada surgem os insetos que se encarregarão de limpar deixando apenas os ossos expostos à ação do tempo.
Esta é uma analogia (entendo que nojenta) com a situação de nossa cidade, tão maltratada e abalada pelos últimos acontecimentos, aqui os carniceiros são outros, hordas de aproveitadores, saqueadores e ladrões que no final das contas estão todos no mesmo nível, os carniceiros daqui se reuniram em bandos que em lados opostos tentam levar a maior vantagem.
Candidatos a candidatos buscam holofotes postando selfies e videozinhos mostrando o povo sofrido, mas os carniceiros sempre sorridentes como se estivessem em uma festa, mais atrapalham do que ajudam, todos se apropriaram do título de “benfeitores”, e desta batalha imbecil só tem um perdedor que é quem mais sofreu e perdeu tudo que tinha, acusações se somam a medidas judiciais, só falta os carniceiros saírem no tapa no meio da rua, disputando a posse das doações que chegam as toneladas de um povo solidário de outros estados e até de outros países, perderam a oportunidade de mostrarem grandeza de caráter e de espírito em juntar forças, esquecer diferenças e lutar ombro a ombro seguindo o exemplo dos dois maiores times de futebol de Porto Alegre, que estão lá na linha de frente defendendo apenas as cores da solidariedade e amor ao próximo.
Quando tudo passar os carniceiros estarão nas suas campanhas políticas mostrando como foram “incansáveis” na luta, quantas cestas básicas entregaram, quantas pessoas auxiliaram o quanto foram bons, estarão pisando em cima dos ossos que é só o que sobrará de tudo isso, pobre de nossa cidade, pobre de nossa gente.
*Comerciante em Canoas