HNSG, HPSC, IAHCS, HU | Uma sopa de letrinhas, mal temperada, que faz mal à Saúde

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Dias e dias tem se passado, governos e governos passam e Canoas continua na UTI da saúde.

Ontem mais um capítulo, Prefeitura Municipal, HNSG, HPSC, IAHCS, funcionários e entidades de classe estiveram reunidos e, do lado de fora, uma população que agoniza e pede socorro.

O que foi resolvido?

Nada!

Diante do impasse. A nossa Saúde da sopa de letrinhas segue sem solução. Solicitar a intervenção estadual não irá resolver, o que resolveria é respeito e responsabilidade.

O título de nosso artigo, não por acaso, reflete a descrição adequada para um sistema de saúde fragmentado, onde cada sigla representa uma entidade que, muitas vezes, não se comunica com as outras, resultando em um serviço caótico e prejudicial para a população.

Canoas, é um município-polo atendendo sua própria população de cerca 400 mil habitantes e mais a de outras 156 cidades do Rio Grande do Sul — é um desafio clássico e complexo do Sistema Único de Saúde (SUS), conhecido como colapso de uma macrorregião de saúde.

Ninguém resolve, a situação é caótica, a população sem atendimento adequado, profissionais perdendo empregos e não podendo exercer suas funções por impedimento judiciais com as administradoras contratas e órgãos oficiais.

Todo mundo se mete e nada é resolutivo.

Não existe mais humanidade, as pessoas estão ali, alguns penando pelos corredores e outros com risco de morte em filas intermináveis.

É preciso coordenar as ações, intervenção estadual para mim é um erro. O governo do RS é, também, o grande responsável por essa crise. Tirou dinheiro de uma cidade que atende metade das cidades do Rio Grande do Sul, são 156 municípios que batem às portas de nossas emergências, ou melhor, batiam, pois não temos mais emergências. Uma delas, talvez a principal, foi destruída pelas águas da enchente de maio e como solução, em um momento de crise, foi atender no nosso Gracinha. Foram deixando rolar, o prédio do Pronto Socorro segue sendo “reconstruído”, mas “parou” no descaso financeiro que o Estado insiste em não ver e, ainda, querem intervenção.

Não há uma solução única, é “temperar” essa sopa, organizando a solução em três níveis: Ações Emergenciais (apagar o incêndio), Ações Estruturantes de Médio Prazo (arrumar a cozinha) e Ações de Longo Prazo (mudar a receita). Só assim a “sopa”, tão comum em nossas casas de saúde, poderá ter o tempero certo para a recuperação de uma saúde em estado terminal.

Por que a “Sopa” está Ruim?

Nossa infraestrutura (leitos, centros cirúrgicos, UTIs) foi planejada para 400 mil pessoas, mas atende a uma população funcional de talvez 1,5 a 2 milhões de pessoas.

O município recebe repasses federais e estaduais com base em sua população oficial (teto MAC), mas arca com os custos de uma população muito maior.

O caixa municipal não suporta essa carga.

Os personagens da “sopa de letrinhas”, HU, HNSG, HPSC e IAHCS operam como feudos. Não há uma central de regulação única e eficiente que distribua os pacientes de forma inteligente.

O paciente “pinga” de um hospital para o outro.

Somos um polo para 156 cidades vizinhas que não conseguem resolver seus próprios problemas de saúde de baixa e média complexidade, “exportando” todos os pacientes para Canoas. Uma hipertensão não controlada na cidade pequena vira um AVC que precisa de UTI no hospital de referência.

Nossos profissionais da saúde estão em um “burnout”, com pagamentos atrasados, risco de demissões frequentes e sem a devida atenção que merecem, principalmente o respeito das autoridades. O que, com certeza, leva a erros, mau atendimento e alta rotatividade. Podem perguntar, ninguém que mais trabalhar em Canoas, bons médicos, enfermeiros e profissionais estão indo para o interior em busca de melhores condições de trabalho e, principalmente, reconhecimento.

Ontem na Câmara de Vereadores, mais uma vez foi discutida a saúde. Desta vez a crise na Fundação de Saúde do Município, foi decidido que iram montar uma comissão para gerenciar a situação.

Aliás, essa comissão deveria ser permanente, devido ao estado que chegou nossa saúde.

Não temos condições de atender nossa população, o Pronto Socorro não existe como hospital, temos pessoas, mas eles não têm onde trabalhar, o Gracinha não comporta tantos profissionais, por um momento foi necessário, agora não mais.

Temos o Hospital Universitário, vários andares, lá tem espaço. Que se crie condições para que o HPSC se instale por lá, mas precisa de boa vontade, principalmente do Estado, mais uma vez eles se omitem e não vem participar da crise e, ainda, solicitam intervenção de um Estado Inerte e pouco colaborativo.

As autoridades precisam acordar e começar a agir imediatamente. A “sopa de letrinhas” só se tornará um prato nutritivo quando os ingredientes (hospitais, postos de saúde, governos) forem combinados por um “chef” competente (uma gestão) com a “receita” correta (planejamento) e os “temperos adequados” (profissionais valorizados).

É um trabalho duro, político e técnico, mas é o único caminho para transformar o caos em um sistema de saúde que, de fato, cuide das pessoas de nossa querida Aldeia Canoas.

2 Respostas

  1. O grande culpado chama-se Falta de Vontade, Muito Dinheiro envolvido e Reeleição. Saúde não trás votos. Fosse assim Eduardo Leite não teria acertado o salário dos funcionários públicos deixando à mingua e morrendo aos cantos, diversos cidadãos gaúchos, da vez em que Bolsonaro enviou ao Estado do RS mais de R$3.000.000,000,00 ( três bilhões de reais), para atacar a Covid -19 em 2020. Saúde pública serve para desvios de dinheiro público para outras finalidades. Ainda mais que a terceirizada, “contratada” daquele jeito que conhecemos, não é responsabilizada sozinha pelas obrigações com seus contratados. O município, seus cidadãos, é que acabam pagando a conta. Basta ver a GAMP e tantas outras “terceirizadas” que, por culpa dos gestores municipais e vereadores, -que não fiscalizam contratos, mas defendem cegamente o “chefe” que arrumou as dezenas de cargos para seus assessores- trouxeram escândalos e “transferência de pagamentos não republicanos” (como é moda falar hoje em sinônimos de corrupção, estou aproveitando). Tudo isto é na formação e no caráter de cada um. Deus está vendo e vai julgar.

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