É inegável o valor histórico e o merecimento de um monumento que celebra a bravura e a dedicação dos voluntários que, com coragem e altruísmo, se uniram para salvar vidas durante a trágica enchente que completou um ano em nossa cidade. Este gesto simboliza não apenas a gratidão àqueles que se doaram em um momento de dor, mas também a resiliência da comunidade canoense.
Entretanto, as redes sociais foram invadidas por críticas que questionam o uso de recursos públicos para a construção deste memorial, argumentando que a cidade enfrenta prioridades mais urgentes. Muitos dos críticos, reconhecidos por sua presença em debates acalorados, não demonstraram a mesma preocupação em momentos anteriores, quando escândalos de desvios na saúde dominaram as manchetes, deixando a população na situação caótica e vulnerável herdada pela atual gestão.
Contudo, é importante destacar que nem todos os opositores são meramente politiqueiros oposicionistas. Há cidadãos comuns, preocupados com o legado deixado pela atual administração, que sentem que o momento não é propício para alocar recursos em um monumento, por mais significativo que ele seja.
Em busca de clareza, o Aldeia contatou o Secretário de Cultura, Pinheiro Neto, que trouxe à tona informações vitais sobre os custos da obra. Em sua declaração, ressaltou: “Não houve e não haverá investimento do município na construção do monumento em homenagem aos voluntários da enchente de 2024. A obra está sendo custeada 100% pela iniciativa privada. Agradeço a CORSAN pela sensibilidade e parceria neste momento histórico. Este é um gesto de respeito às vítimas e gratidão aos voluntários, pessoas que se doaram com amor e empatia”. O monumento, segundo ele, é a materialização de uma história que precisa ser contada, transmitindo mensagens de força, superação e reconhecimento.
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Além do monumento, um memorial será colocado, representando a única homenagem realizada até agora para eternizar os nomes das vítimas fatais em nossa cidade. Essa iniciativa se alinha à reportagem do Aldeia, intitulada “Canoas: Um Ano Após a Tragédia da Enchente que Mudou Vidas”.
É digno de nota que a Secretaria da Cultura possui verbas específicas e tem se esforçado para controlar gastos, sem investir em eventos como o Carnaval, no evento do feriado do dia primeiro e nem no monumento ou no memorial. Essa contenção tem gerado reações mistas. Alguns comemoram, acreditando que a cultura não é uma prioridade, enquanto outros lamentam a falta de investimento em um setor que enriquece a vida de muitos, não somente no aspecto econômico.
Pessoalmente, espero que, em um futuro próximo, a situação se equilibre e que a cultura receba o incentivo que tanto merece e precisa. Por ora, devemos reconhecer o trabalho de Pinheiro Neto e DJ Cabeção, que lutam para que a cultura no município não se apague por falta de recursos, e para que a tragédia não caia no esquecimento.
Desejo que este monumento sirva como um eterno lembrete da capacidade do povo de se unir e ser solidário. Que inspire a todos a entender que podemos ser melhores—unidos e solidários—mesmo sem a sombra de uma tragédia pairando sobre nós.
O avanço da sociedade se dá quando não esquecemos o passado e reconhecemos a importância da história e da cultura na vida das pessoas.
Rodrigo Schmitt | Colunista do Notícias da Aldeia, advogado e jornalista