Sempre é importante lembrar de nosso patrimônio histórico e de obras inacabadas, o caso em questão é a Villa Nênê, que foi tombada em 2009 e desde então o prédio só tem se deteriorado. De concreto, mesmo, a última intervenção de verdade na estrutura da Villa foi em 2015, e assim está, abandonada poder público até hoje. No ano de 2015, teve todo um processo para uma restauração e encaminhada de desapropriação. Lembramos, de um quase acerto com uma empreiteira para parceria no restauro, antes ainda da restauração da Casa dos Rosa e Antiga Estação, foi exatamente neste período que colocaram a estrutura com lonas e que estão ali até hoje. O processo não avançou, isso tudo antes dos incêndios. Inclusive, arquitetos estiveram periciando e tudo.
E O FUTURO DA VILLA NÊNÊ?
Fomos atrás de respostas junto ao executivo municipal, as respostas que obtivemos foi a seguinte:
“ Durante a execução do contrato para restauro do prédio, foi constatada a impossibilidade técnica de realizar algumas intervenções na estrutura, pelo comprometimento da mesma, situação agravada pelas intempéries severas ocorridas nos últimos meses. Desta forma, foi necessário alterar a metodologia de intervenção para o restauro adequado. O contrato foi rescindido e o Município está encaminhando uma nova licitação. A Villa Nênê é um bem tombado pelo município, que será restaurado para comportar a nova atividade de museu e espaço cultural”.
RELEMBRANDO (MATÉRIA DE JULHO DE 2023)
Proponho relembrarmos um pouco, anunciamos tempos atrás o abandono da Villa Nênê, havia pegado fogo em decorrência dos transeuntes invasores.
Existiu até “videozinho” tentando nos descredibilizar e anunciar que já existia o dinheiro para a obra, cerca de R$ 5 milhões, observem os valores exatos abaixo, com parte vinda do Governo do Estado. Nada foi feito, apenas limparam e cercaram o patrimônio histórico-cultural. Contrataram uma empresa, apareceu um laudo com problemas estruturais e desde então está tudo parado. Particularmente, não acredito em grandes problemas que façam a obra parar por tanto tempo. Essas casas históricas têm estruturas fortes e ninguém construirá um edifício, é só o telhado e recuperar a história do imóvel. O certo é que o dinheiro (verba) existe, pois em outro vídeo, foi mostrado um que iam começar a recuperação e anunciada a empresa contratada.
Então, agora existe uma empresa, foi cercado e tudo parou. Nada mais foi feito.
Com a palavra, as autoridades, cadê o dinheiro que veio para obra?
O QUE DIZIA A PREFEITURA EM JULHO DE 2023
Conforme a Secretaria Municipal de Cultura, a obra precisou ser paralisada porque, durante a retirada de terra do interior do prédio, a empresa responsável constatou risco de abalo à estrutura das paredes. Agora, os trabalhos estão em fase de reestruturação do projeto de restauro.
Em relação aos recursos financeiros, eles estão garantidos para a viabilização da obra. O valor total do convênio é de R$ 4.081.426,07, sendo R$ 2.856.998,25 de verba vinculada e R$ 1.224.427,82 de recurso livre.
E mais, escritório de projetos tem a situação e as medidas acordadas, as mudanças no projeto foram enviadas para o Governo do Estado, que através da Secretaria Estadual da Cultura já deu aprovação. Agora o município juntamente com a empresa Idea, que venceu a licitação, estão ajustando o projeto e fazendo ajustes no contrato para dar continuidade a fase final do restauro do patrimônio histórico.
Por fim, como falamos, o reforço estrutural não é complicado, o que trancou foi a burocracia. A obra vem aí.
Breve relato sobre a Villa Nênê
*Por Edison Barcellos
Antônio Cândido Silveira, segundo escritura de 5 de junho de 1925, comprou um terreno na povoação de Canoas, 4º distrito de Gravataí, terreno este em que construiria sua moradia.
Entretanto, a construção da Villa Nênê foi realizada apenas três anos depois, em 1928 e recebeu este nome em homenagem a sua segunda esposa, Gomercinda Ignácio da Silveira, conhecida por Nênê, com o qual teve dois filhos.
Antônio foi um personagem importante na história do desenvolvimento de Canoas, nasceu em 29 de outubro de 1887 e no ano de 1907 transferiu-se para Canoas. Associou-se ao seu pai e a Henrique Wittrock e fundou, em 1917, a empresa Silveira, Wittrock e CIA, fábrica que foi pioneira na exportação de móveis para outros estados e países.
Foi suplente do juiz distrital do 4º distrito de Gravataí, interventor no estado, juiz distrital, fez parte como conselheiro da comissão para melhoramentos, que em praça pública no ano de 1933, realizou o primeiro comício exigindo para Canoas melhorias estruturais e almejando a emancipação. Foi ainda um dos fundadores da Associação Comercial e Industrial de Canoas, sendo eleito seu primeiro vice-presidente. Faleceu em 1962.
Sobre sua arquitetura a “Villa Nênê”, segundo inventário realizado pelo Município de Canoas, em parceria com IPHAE, possui um estilo eclético, com predominância de elementos decorativos compostos na sua maioria por arabescos e volutas, salientando o entorno das janelas também acaba por determinar sua natureza arquitetônica. A fachada principal ostenta platibanda destacando os dizeres “Villa Nenê” 1928, ficando as demais fachadas com beiral. Há também a presença de um alpendre lateral e recuado que deveria ser anteriormente utilizado como principal acesso à edificação. Balaústres e volutas decoram, respectivamente, a base e a cobertura do mesmo. As esquadrias são de madeira com duas folhas de abrir e com bandeira fixa. O material utilizado predominantemente é o tijolo maciço rebocado e o telhado é composto por telhas francesas.
O imóvel foi tombado pelo patrimônio histórico do município de Canoas em 2009.
*Historiador e pesquisador
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